No livro O Nome da Rosa, Umberto Eco explora de maneira profunda e intrigante a importância do conhecimento. Leia e entenda melhor!
– Mas quem tinha razão, quem tem razão, quem está errado? –
(Guilherme ensinando a Adso a importância do conhecimento)
perguntei perdido.
– Todos tinham as suas razões, todos erraram.
– Mas vós – gritei quase num ímpeto de rebelião -, porque não
tomais posição, porque não me dizeis onde está a verdade?
Guilherme ficou algum tempo em silêncio, levantando para a luz
a lente sobre a qual estava a trabalhar. Depois baixou-a sobre a
mesa e mostrou-me, através da lente, um ferro de trabalho:
– Olha – disse-me -, que vês?
– O ferro, um pouco maior.
– Aí está, o máximo que se pode fazer é ver melhor.
– Mas é sempre o mesmo ferro!
– Também o manuscrito de Venâncio será sempre o mesmo
manuscrito quando puder lê-lo graças a esta lente. Mas quando ler
o manuscrito talvez conheça melhor uma parte da verdade. E talvez
possamos tornar melhor a vida da abadia.
Umberto Eco – Livro O Nome Rosa
Em livro O Nome da Rosa, Umberto Eco explora de maneira profunda e intrigante a importância do conhecimento. Ambientado em um mosteiro na Idade Média, o romance tece uma trama intricada em torno de mistérios e segredos, proporcionando uma reflexão sobre o papel crucial do conhecimento na sociedade e seus desdobramentos.
No cerne da narrativa, Eco escolhe um mosteiro beneditino como pano de fundo, representando um centro de aprendizado e preservação do conhecimento na era medieval. Nesse contexto, o autor destaca a biblioteca como um tesouro inestimável, ressaltando a relevância do acúmulo de saberes para a compreensão do mundo e o desenvolvimento humano.
A biblioteca, entretanto, também se torna um local de disputa e tensão, refletindo as lutas de poder e controle sobre o conhecimento. Através dos personagens, Eco constrói uma narrativa que explora como o acesso ao saber pode ser tanto libertador quanto perigoso, revelando as contradições inerentes à busca pelo conhecimento.
O Livro como Objeto de Poder e Perigo
Umberto Eco utiliza o livro como um símbolo central para transmitir sua visão sobre a importância do conhecimento. O manuscrito perdido de Aristóteles, objeto de desejo e disputa no enredo, representa a concentração do saber e sua capacidade de influenciar as mentes e sociedades. O autor alerta para os perigos do conhecimento quando utilizado de forma manipuladora, ressaltando que o mesmo pode ser uma arma nas mãos erradas.
Através da trama, Eco questiona a natureza do conhecimento e a responsabilidade dos detentores desse poder. Ele demonstra como a ignorância e o dogmatismo podem levar a sociedade por caminhos perigosos, enquanto a busca pelo saber, quando realizada com discernimento e humildade, pode ser uma ferramenta de libertação e progresso.
Desconstrução e Renovação no Livro O Nome da Rosa
Ao longo do romance, o personagem central, Guilherme de Baskerville, encarna a figura do pensador crítico que utiliza o conhecimento como instrumento de desconstrução. Sua abordagem investigativa e questionadora destaca a importância da mente aberta e da análise racional na busca pela verdade. Eco, por meio de Guilherme, sugere que o conhecimento é uma ferramenta dinâmica capaz de desafiar as convenções e promover a renovação.
Através dessas nuances, Umberto Eco constrói uma narrativa que vai além do simples enredo policial, transformando o livro O Nome da Rosa em uma profunda reflexão sobre a natureza do conhecimento e seu papel na formação da sociedade. O autor alerta para os perigos da manipulação do saber, mas também destaca sua capacidade transformadora quando utilizado com responsabilidade e consciência. Afinal, a rosa não deixa de ser rosa se mudarmos seu nome, mas uma flor qualquer pode ser chamada de rosa apenas para manipular alguém. Em tempos de deepface e fakenews, Umberto Eco segue mais atual do que nunca.
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