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Missão Impossível 3

Ethan Hunt volta à ação para salvar sua noiva Julia e enfrentar o cruel traficante de armas Owen Davian em “Missão Impossível 3”, dirigido por J.J. Abrams.

Tempo de Leitura: 8 minutos

Ficha Técnica

“Missão Impossível 3” (2006)

Título Original: Mission: Impossible III

Direção: J.J. Abrams

Duração: 126 minutos

Elenco Principal

Tom Cruise (Ethan Hunt), Philip Seymour Hoffman (Owen Davian),

Michelle Monaghan (Julia Meade), Ving Rhames (Luther Stickell), Billy Crudup (John Musgrave), Jonathan Rhys Meyers (Declan Gormley), Keri Russell (Lindsey Farris), Maggie Q (Zhen Lei), Laurence Fishburne (Theodore Brassel)

Prêmios Recebidos

BMI Film & TV Awards (2007):

Prêmio BMI Film Music Award (Michael Giacchino)

Disponível

PRIME VÍDEO (aluguel)

missão impossível 3

Resumo

“Missão Impossível 3”, dirigido por J.J. Abrams, é o terceiro filme da série de ação e espionagem estrelada por Tom Cruise. Ethan Hunt (Cruise) está tentando viver uma vida normal com sua noiva Julia (Michelle Monaghan), mas é chamado de volta à ação para resgatar sua pupila, Lindsey Farris (Keri Russell), capturada em uma missão. A operação coloca Hunt em rota de colisão com Owen Davian (Philip Seymour Hoffman), um traficante de armas implacável que sequestra Julia para chantagear Hunt.

O filme combina cenas de ação intensas com profundidade emocional, destacando o conflito de Hunt entre suas responsabilidades como agente e seu desejo de proteger aqueles que ama. Com uma trilha sonora envolvente de Michael Giacchino e performances marcantes, especialmente de Hoffman como o vilão, “Missão Impossível 3” é uma adição eletrizante à franquia, proporcionando suspense e emoção do início ao fim.


Análise de “Missão Impossível 3”

Dirigido por J.J. Abrams, “Missão Impossível 3” (2006) traz novos elementos para este episódio da franquia de ação e espionagem estrelada por Tom Cruise. Se o primeiro filme ficou marcado pelo suspense e pelo mistério, o segundo pela ação eletrizante, a marca que este novo filme daria seria a da tensão e do envolvimento pessoal dos personagens.

A nova abordagem do filme é o reflexo de um novo tempo. Os filmes de ação ao estilo John Woo já não eram o que se esperava de um filme de espionagem em 2006. Entre o segundo “Missão Impossível” e este o público aprendeu a gostar de um novo tipo de filme deste gênero, mais realista e sujo.

No mundo da espionagem a franquia iniciada com “A Identidade Bourne” dava um tom mais sério, envolvendo conspirações, lavagem cerebral e lutas com pé no chão. Por outro lado séries como “24 Horas” traziam protagonistas que se envolviam emocionalmente na trama, e sofriam consequências na sua vida pessoal.

Uma outra referência para “Missão Impossível 3” é Ronin (1998), que também trabalhou com a ideia de um MacGuffin que não é revelado, concentrando a atenção do público na ação entre os personagens, e não numa cansativa explicação sobre o motivo para os espiões terem de conseguir o objeto da vez. Era um exercício hithcockiano de suspense, com novas regras para jogar.

Contexto Histórico

Para entender o contexto do filme, é importante considerar os eventos globais que moldaram o início dos anos 2000, especialmente os atentados terroristas e os conflitos internacionais que impactaram a geopolítica e a percepção pública sobre segurança e espionagem.

Os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos alteraram drasticamente a forma como a segurança nacional e o terrorismo eram percebidos. Isso levou a um aumento nas operações de inteligência e espionagem, bem como a uma maior ênfase na segurança global. Além disso, a invasão do Iraque em 2003 e a subsequente guerra contra o terrorismo intensificaram as preocupações com o tráfico de armas e o acesso a armas de destruição em massa.

O tráfico internacional de armas é um tema central em “Missão Impossível 3”. O filme aborda como organizações criminosas e terroristas obtêm armas avançadas e tecnologia para realizar suas operações, e mesmo o envolvimento que governos possuem dentro deste mercado. Esse comércio ilegal é facilitado por redes complexas que operam em escala global, muitas vezes com a cumplicidade de governos corruptos e empresas inescrupulosas. Durante o período de 2000 a 2006, o tráfico de armas estava intimamente ligado aos conflitos no Oriente Médio e em outras regiões instáveis, exacerbando a violência e a insegurança.

Novos Elementos em Cena

Como era de se esperar, o terceiro filme de “Missão Impossível” seguiu numa direção diferente dos seus antecessores. Sob o comando do diretor J. J. Abrams, vindo das séries de TV, “Missão Impossível 3” explora a tensão a partir da vida pessoal do agente da IMF Ethan Hunt. Abrams foi produtor de duas séries de sucesso na TV, Alias e Lost, e um traço característico de suas tramas é aprofundar a história dos personagens para criar situações tensas a partir delas.

Em Lost isso era feito basicamente a partir de flashbacks, o que também é utilizado no roteiro do filme. A partir de uma cena tensa de interrogatório e tortura, na qual o agente Ethan Hunt parece desesperado para convencer seu interrogador sobre a localização de um objeto chamado “pé de coelho”, somos catapultados para o passado em busca de explicações sobre o que está acontecendo. A partir deste mote o filme se desenvolve apresentando cada um personagens envolvidos na cena inicial e criando a tensão necessária para que ela faça sentido.

O Verdadeiro MacGuffin de “M:I 3”

Diferente dos primeiros filmes, cuja tensão era criada a partir do objeto da missão e das consequências de não consegui-lo, em “Missão Impossível 3” a causa dos problemas se torna o perigo de perder alguém importante pessoalmente para Hunt, sua noiva. Compreende-se, a partir disso, que a vida de Julia é o verdadeiro MacGuffin deste filme.

Essa situação pode ser resumida numa fala do traficante Owen Davian (Philip Seymour Hoffman), enquanto é interrogado por Hunt: “O que estou vendendo, e para quem, é a última coisa com a qual devia se preocupar, Ethan!”. De fato, o contrabando de armas feito por Davian não é o que move a trama, e sim a necessidade de Hunt proteger quem ele ama.

Philip Seymour Hoffman em Missão Impossível 3
Owen Davian (Philip Seymour Hoffman) em cena tensa de Missão Impossível 3. Atuação competente deixa dúvida sobre quem estava sendo de fato interrogado

O contraste entre a falta de relevância do objeto central de disputa e a necessidade de Hunt proteger sua amada se torna mais intenso pelo fato de não sabermos do que se trata o MacGuffin da vez, que é chamado simplesmente de “pé de coelho”. Esta é uma falta de informação que compartilhamos com os heróis do filme. Em um momento o personagem Benjamin “Benji” Dunn (Simon Pegg), em sua primeira aparição nos filmes, cogita que poderia se tratar de uma arma de potencial apocalíptico, como uma nova bomba atômica, mas nada na trama acrescenta ao que sabemos para endossar a teoria de Benji.

Este vácuo proposital de informação tem por consequência tornar mais importante a vida de Julia (Michelle Monaghan), a noiva de Ethan. O perigo de entregar o “pé de coelho” ao traficante de armas chega a ser cogitado por Luther (Ving Rhames), mas a falta de informação sobre o mesmo parece tornar a decisão mais fácil para os espiões. Isso serve bem à trama, na medida em que evita tirar o brilho heroico do time de Hunt com um dilema ético complicado que teriam de resolver se fosse revelado o potencial balístico do “pé de coelho”.

Serve à trama na medida em que esta quer se manter um passatempo rápido, pois poderia ter sido aproveitado para acrescentar novas camadas de tensão à trama. O conhecimento sobre o poder de fogo do “pé de coelho” obrigatoriamente colocaria o espião para decidir entre sua vida pessoal e o perigo de entregar uma arma de destruição em massa para um traficante de armas inescrupuloso como Davian. Mas o filme foge dessa complexidade mais rápido do que Cruise poderia alcançar com seus quicks.

Considerações Finais

O terceiro filme da série termina com um fechamento típico de fim de trilogia, e apesar da expectativa que se criou em torno de J. J. Abrams o filme tem bem menos mistérios do que se esperaria dele. Percebe-se que ele provavelmente não teve tanto peso nas decisões quanto seus antecessores, e a necessidade de dar um fecho à série certamente prejudicou sua veia criativa.

Pese a favor de Abrams ter feito um filme com cenas tensas e paradas, num perfeito contraste com o filme de John Woo, dando oportunidade para Cruise fazer duelos de interpretação com o vencedor do Oscar Philip Seymour Hoffman, em seu auge naquele ano. O fecho criado para o filme finalizava a carreira do personagem Ethan Hunt, mas mal ele sabia que sua missão estava longe de terminar.

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