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Conclave (2024) – Tensão e Polêmicas na experiência imersiva do Vaticano

Conclave equilibra tensão, intriga e atuações marcantes, explorando os bastidores do poder na Igreja Católica com requinte e profundidade.

Tempo de Leitura: 5 minutos

Conclave” em poucas palavras …

Vaticano, 2024. Após a súbita morte do Papa, o mundo inteiro volta seus olhos para Roma. Sob a cúpula de São Pedro, o Colégio de Cardeais é convocado, dando início ao conclave – o ritual secreto que decidirá o próximo líder da Igreja Católica. Enquanto a fumaça branca não sobe, portas se fecham e tensões se elevam.

O cardeal-decano Thomas Lawrence, um britânico experiente e respeitado, assume a liderança do processo. Contudo, em meio às formalidades e orações, há mais em jogo do que fé. Os quatro principais candidatos emergem, cada um carregando visões distintas para o futuro da Igreja. Aldo Bellini, um americano de ideias progressistas, quer continuar o legado de abertura e reforma do falecido Papa. Joshua Adeyemi, um conservador nigeriano, defende o retorno a valores tradicionais, desafiando os ventos da mudança. Joseph Tremblay, canadense, apresenta-se como um mediador entre os extremos, enquanto o italiano Goffredo Tedesco insiste na restauração das tradições mais rígidas.

À medida que os cardeais votam em sucessivas rodadas, alianças são forjadas e traições vêm à tona. Segredos obscuros emergem, colocando em xeque a integridade dos homens que vestem o vermelho cardinalício. No silêncio das câmaras, cada voto carrega o peso do destino de bilhões de fiéis.

Porém, o verdadeiro drama não se limita às disputas ideológicas. A reclusão do conclave força cada cardeal a confrontar seus próprios dilemas morais, suas ambições e, sobretudo, sua fé. Sob a pressão de um mundo que exige mudanças, mas também resiste a elas, o conclave revela-se não apenas uma escolha de liderança, mas um confronto entre o passado e o futuro. E, quando a fumaça branca finalmente sobe, a decisão promete mudar para sempre os rumos da Igreja.


Análise de “Conclave”

Imersão e Polêmicas

A produção de Conclave foi planejada com um nível de detalhe impressionante, sendo um ponto alto do filme a capacidade de nos fazer imergir dentro do universo do Vaticano. Não por acaso ele está indicado a sete categorias do Oscar 2025. O filme conta com um elenco de peso: Ralph Fiennes, John Lithgow, Stanley Tucci e Isabella Rossellini, sob a direção de Edward Berger, o mesmo de Nada de Novo no Front.

As filmagens começaram em janeiro de 2023, em Roma, usando locações reais e os lendários estúdios de Cinecittà. A equipe de cenografia reconstruiu a Capela Sistina com uma fidelidade incrível. A Domus Sanctae Marthae – onde os cardeais ficam hospedados durante o conclave –, originalmente funcional, foi transformado em um ambiente mais fechado, lembrando uma prisão. Com isso o diretor conseguiu aumentar a tensão dramática, passando através da arquitetura a sensação daqueles que estavam ali para tomar uma decisão altamente relevante, dentro da sensação de isolamento que o roteiro exige.

Além da arquitetura, o figurino também esbanja requinte e rebuscamento, e não é a toa que mereceu uma indicação ao Oscar. Lisy Christl, a figurinista, mergulhou fundo na pesquisa, visitando alfaiatarias históricas como a Gammarelli, que realmente veste os cardeais, e escolhendo tons de vermelho inspirados no século XVII. Segundo ela, esses tons são mais bonitos e agradáveis aos olhos, o que promete dar um toque visual marcante ao filme.

Peter Straughan, o roteirista, conversou com um cardeal real e fez um tour privado pelo Vaticano, o que garantiu uma visão autêntica dos bastidores do conclave. Tudo isso mostra o cuidado da produção em misturar realismo e emoção, criando um filme incrivelmente imersivo.

A trilha sonora de Conclave, também indicada ao Oscar, é composta por Volker Bertelmann, que faz uma mistura de inovação e atmosfera, perfeitamente alinhada ao tom do filme. Fugindo de clichês eclesiásticos, Bertelmann usou o incomum Cristal Baschet, criando sons etéreos e quase místicos. Em vez de temas para personagens, ele compôs músicas para situações, reforçando a narrativa coletiva. A tensão dramática é ampliada pelo uso de polirritmos e técnicas como o arco de ricochete em instrumentos de corda. Essa abordagem única traduz os conflitos internos e externos do conclave, tornando a trilha uma peça fundamental para a imersão do espectador na história.

Dividindo Opiniões

O filme Conclave recebeu uma recepção majoritariamente positiva, com críticos e público destacando diversos aspectos da produção. No Rotten Tomatoes, 93% das 280 avaliações foram favoráveis, com uma média de 8,1/10, e o consenso o elogiou como um “entretenimento inteligente” liderado por uma performance memorável de Ralph Fiennes. No Metacritic, o filme alcançou uma pontuação de 79/100, indicando avaliações geralmente favoráveis, enquanto o CinemaScore registrou uma nota “B+” do público, refletindo o interesse geral.

As performances, especialmente de Ralph Fiennes e Sergio Castellitto, foram amplamente elogiadas, assim como a cinematografia, que deu ao filme uma atmosfera densa e imersiva. Críticos como Mark Kermode destacaram a forma respeitosa e matizada com que o filme aborda o processo de eleição papal, além de elogiar a tensão e o suspense construídos sem recorrer ao sensacionalismo. Richard Lawson, da Vanity Fair, apontou o equilíbrio entre a seriedade do conclave e sua faceta mais absurda, enquanto Alexander Payne o descreveu como “fascinante, engraçado e cheio de suspense”.

Por outro lado, algumas críticas foram direcionadas ao enredo, considerado raso por veículos como o Los Angeles Times, que o chamou de “um mistério fino e bobo”. Contudo, outros, como Peter Debruge, da Variety, defenderam a trama, especialmente sua reviravolta final, descrita como “uma das mais satisfatórias em anos”.

No campo religioso, as opiniões foram divididas. Enquanto publicações progressistas como o National Catholic Reporter elogiaram a mensagem do filme, mais tradicionalistas, como o bispo Robert Barron, criticaram sua abordagem, acusando-o de manipulação. Apesar das divisões, Conclave provocou um debate rico, equilibrando entretenimento e reflexão sobre os dilemas modernos da Igreja Católica.

Veja mais sobre os filmes indicados ao Oscar 2025.

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Sobre o Autor

equipe

Valdiomir Meira é licenciado em História e Letras, com pós-graduação em metodologia de ensino da língua portuguesa, metodologias inovadoras de educação e semiótica. Sua grande paixão é ler, viajar e ensinar. Leitor dedicado de quadrinhos e pesquisador nas áreas de educação e mitologia. Além de outras atuações profissionais, como criação de conteúdo para internet e tutoriais, também é redator e editor de artigos para blogs.

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