COPOM reduz Selic para 9,75% ao ano após quinta queda consecutiva
O Banco Central (BC) voltou a reduzir a taxa Selic, que agora está em 9,75% ao ano, marcando a quinta redução consecutiva no ciclo de flexibilização monetária. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar os juros em 0,5 ponto percentual, tomada por unanimidade, era amplamente esperada pelo mercado financeiro.
Expectativas para os próximos meses
Em comunicado oficial, o Copom sinalizou a intenção de manter o ritmo de redução de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, caso o cenário econômico continue alinhado às expectativas atuais. Essa política deve permanecer em vigor pelo menos até o primeiro trimestre de 2025, com o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“No cenário base do comitê, os membros avaliam que o ritmo atual de cortes é adequado para sustentar a política monetária contracionista, ainda necessária para o processo desinflacionário em curso”, destacou o comunicado do Copom.
A taxa Selic atingiu o menor nível desde janeiro de 2022, quando estava em 9,25% ao ano. O atual ciclo de flexibilização começou em agosto de 2023, após um longo período em que a Selic permaneceu em 13,75% ao ano por sete reuniões consecutivas, de agosto de 2022 a julho de 2023.
Cenário histórico recente
A trajetória da Selic nos últimos anos reflete os desafios enfrentados pela economia brasileira. Após atingir o piso histórico de 2% ao ano durante a pandemia de Covid-19, de agosto de 2020 a março de 2021, a taxa passou por um ciclo de elevação que durou até agosto de 2022, em resposta à alta da inflação causada pelo aumento global dos preços de alimentos, energia e combustíveis.
Inflação sob controle, mas com desafios
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2024, o CMN fixou a meta de inflação em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, o IPCA deve ficar entre 1,5% e 4,5%.
Segundo o Relatório de Inflação divulgado pelo BC em dezembro, a projeção oficial para o IPCA em 2024 está em 3,6%, um valor alinhado ao centro da meta. O mercado financeiro, no entanto, apresenta previsões levemente mais otimistas. De acordo com o boletim Focus de dezembro, a inflação deve encerrar o ano em 3,5%, abaixo do teto permitido.
Apesar do cenário desinflacionário, economistas alertam para possíveis pressões de alta nos preços no segundo semestre de 2024, relacionadas à sazonalidade de alimentos e ajustes de preços administrados, como energia elétrica e combustíveis.
Impacto na economia e crédito mais acessível
A redução da Selic tende a estimular a economia ao baratear o crédito e incentivar o consumo e os investimentos produtivos. Esse movimento é particularmente relevante para pequenas e médias empresas, que enfrentam dificuldades de acesso ao crédito em períodos de juros altos.
Por outro lado, taxas de juros mais baixas podem dificultar o controle da inflação. O BC, no entanto, reforçou que continuará monitorando os indicadores econômicos e ajustará a política monetária conforme necessário.
De acordo com as últimas projeções do boletim Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,3% em 2024, acima da projeção de 1,8% feita pelo Banco Central no Relatório de Inflação.
Selic e sua função na economia
A Selic é usada como referência para as taxas de juros em toda a economia, impactando diretamente os custos do crédito e o retorno de investimentos financeiros. Ao elevar a Selic, o BC busca controlar o excesso de demanda, encarecendo o crédito e incentivando a poupança. Ao reduzi-la, a autoridade monetária estimula o consumo e a produção, mas precisa garantir que os preços estejam sob controle para evitar pressões inflacionárias.
A continuidade do ciclo de redução da Selic dependerá do comportamento da inflação nos próximos meses, da evolução das expectativas do mercado e das condições da economia global, que continuam apresentando incertezas, especialmente em relação à política monetária dos Estados Unidos e à desaceleração econômica na China.