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“Cruzada” em poucas palavras …
No século XII, em plena Idade Média, a Europa fervia com conflitos religiosos e a promessa de redenção espiritual na Terra Santa. É nesse cenário turbulento que começa a história de Balian de Ibelin, um jovem ferreiro que, após perder sua família e sua fé, é lançado em uma jornada épica de autodescoberta e transformação.
Balian, vivido por Orlando Bloom, vive em uma pequena aldeia na França, marcado pela tragédia da morte de sua esposa e filho. Quando tudo parece perdido, ele recebe a visita inesperada de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), um cavaleiro cruzado que revela ser seu pai. Oferecendo-lhe uma nova chance na vida, Godfrey convida Balian a acompanhá-lo em uma peregrinação à Terra Santa, um local de conflitos, mas também de promessa de redenção.
Durante o percurso, Balian herda o título de cavaleiro e as terras de Ibelin, tornando-se um líder em um território marcado pela coexistência delicada entre cristãos, muçulmanos e judeus. Sua chegada a Jerusalém revela uma cidade dividida, onde as tensões entre o rei cristão Baldwin IV, debilitado pela hanseníase, e os nobres ambiciosos ameaçam o frágil equilíbrio de paz com os muçulmanos liderados por Saladino.
Balian se destaca por sua integridade, recusando-se a se aliar a figuras corruptas como Guy de Lusignan e Reynald de Châtillon, que buscam instigar uma guerra para consolidar seu poder. Sua relação com Sibylla, irmã do rei Baldwin, traz um toque de humanidade e romance à narrativa, mas também carrega implicações políticas.
Quando Guy e Reynald provocam o líder muçulmano Saladino, o seu exército responde com força avassaladora. Após a desastrosa Batalha de Hattin, Jerusalém é cercada. É o momento de Balian mostrar quem ele é. Como líder, ele precisa escolher entre a glória e a riqueza, ou lutar pelo povo que habita a cidade.
Ficha Técnica
Cruzada (2005)
Nome Original: Kingdom of Heaven
Duração: 144 minutos
Diretor: Ridley Scott
Elenco Principal
Orlando Bloom (como Balian de Ibelin). Eva Green (como Sibila de Jerusalém), Liam Neeson (como Godofredo de Ibelin), Jeremy Irons (como Tiberias), Edward Norton (como Rei Balduíno IV)
Prêmios Recebidos
Prêmio Stuntman Awards – Melhor Coordenação de Dublês em um Filme de Ação (Mark Mottram, Ridley Scott).
Indicações
Prêmio ALFS (London Critics Circle Film Awards) – Diretor do Ano (Ridley Scott). Prêmio Satellite – Melhor Direção de Arte e Design de Produção (Arthur Max). Prêmio Taurus World Stunt Awards – Melhor Cena de Ação em um Filme Estrangeiro
Análise de “Cruzada”(Kingdom of Heaven)
Uma Jornada de Fé, Guerra e Redenção
O filme “Cruzada” (Kingdom of Heaven) é uma obra épica de 2005 dirigida por Ridley Scott. Este drama histórico se passa no final do século XII e foca nas Cruzadas, uma série de conflitos religiosos e militares travados entre cristãos e muçulmanos pelo controle da Terra Santa. A produção é notável por seu compromisso com a grandiosidade visual, a profundidade dos personagens e a complexidade das questões históricas e religiosas que aborda.
Contexto de Produção e Lançamento
“Cruzada” foi lançado em 2005, uma época marcada por um renovado interesse por filmes históricos e épicos. O início do século XXI viu a produção de vários filmes que exploravam eventos históricos significativos com grande atenção aos detalhes e à autenticidade. Filmes como “Gladiador” (2000), também dirigido por Ridley Scott, e “O Senhor dos Anéis” (2001-2003), de Peter Jackson, haviam reavivado o gênero épico e demonstrado que havia um mercado ávido por tais narrativas.
A produção de “Cruzada” envolveu filmagens em locações diversas, incluindo o Marrocos e a Espanha, para recriar os ambientes da Terra Santa e da Europa medieval. Ridley Scott, conhecido por seu olho para detalhes visuais e cenários imersivos, trabalhou com uma equipe talentosa para garantir que o filme capturasse a grandiosidade e a brutalidade do período das Cruzadas.
Período Histórico e Contexto das Cruzadas
O filme se passa durante a Terceira Cruzada, um dos eventos mais marcantes da Idade Média. Este período histórico foi caracterizado por um fervor religioso intenso e por conflitos militares prolongados entre os cristãos europeus e os muçulmanos pelo controle de Jerusalém e outras áreas da Terra Santa.
A Terceira Cruzada (1189-1192) foi precipitada pela captura de Jerusalém por Saladino (Salah ad-Din) em 1187. Este evento gerou uma mobilização maciça na Europa, com reis e nobres, incluindo Ricardo Coração de Leão da Inglaterra, liderando expedições militares para reconquistar a cidade sagrada. As Cruzadas não foram apenas conflitos religiosos, mas também envolveram considerações políticas, econômicas e culturais complexas.
Enredo e Personagens
“Cruzada” segue a jornada de Balian de Ibelin (interpretado por Orlando Bloom), um ferreiro francês que se torna cavaleiro e é atraído para a política e a guerra na Terra Santa. Após a morte de sua esposa e filho, Balian é abordado por Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), que revela ser seu pai e o convida a viajar para Jerusalém para encontrar redenção e um novo propósito.
Ao chegar à Terra Santa, Balian encontra um cenário político tenso. Jerusalém está sob o governo do rei Balduíno IV (Edward Norton), que sofre de lepra. Balduíno e seus conselheiros, incluindo Tiberias (Jeremy Irons), buscam manter a paz frágil com os muçulmanos liderados por Saladino (Ghassan Massoud). No entanto, figuras como Guy de Lusignan (Marton Csokas) e o cavaleiro templário Reynald de Chatillon (Brendan Gleeson) fomentam a guerra.
O filme explora as escolhas morais e éticas de Balian enquanto ele tenta navegar entre as demandas de guerra e paz, dever e consciência. Balian emerge como uma figura de liderança, comprometida com a defesa de Jerusalém e a proteção de seu povo, independentemente de sua religião.
Representação Histórica e Elementos
“Cruzada” busca representar a complexidade do período das Cruzadas com uma atenção significativa aos detalhes históricos e culturais. Alguns dos elementos notáveis do filme incluem:
- Autenticidade Visual: A recriação de Jerusalém e das fortalezas cruzadas é impressionante, com cenários detalhados que capturam a arquitetura e o ambiente da época. A cinematografia de John Mathieson ajuda a transmitir a grandiosidade e a brutalidade das batalhas.
- Personagens Históricos: O filme incorpora figuras históricas reais como Balduíno IV, Saladino, Guy de Lusignan e Ricardo Coração de Leão. Embora algumas liberdades dramáticas sejam tomadas, essas personagens ajudam a ancorar a narrativa na realidade histórica.
- Temas de Tolerância e Fanatismo: “Cruzada” explora temas de tolerância religiosa e coexistência pacífica, contrapondo-os ao fanatismo e à guerra. A representação de Saladino como um líder nobre e estratégico contrasta com a brutalidade de figuras como Guy e Reynald, destacando a complexidade moral da época.
- Conflitos e Alianças Políticas: O filme aborda as alianças e traições políticas que caracterizaram as Cruzadas, mostrando como questões de poder e controle territorial eram intrinsecamente ligadas aos conflitos religiosos.
Recepção e Impacto
“Cruzada” teve uma recepção mista ao ser lançado, com críticas que variavam de elogios à sua ambição visual e temática a críticas sobre sua precisão histórica e desenvolvimento de personagens. A versão original do filme foi editada significativamente, o que levou a algumas críticas sobre a coesão da narrativa. No entanto, a versão do diretor, lançada posteriormente, recebeu uma acolhida muito mais positiva, sendo vista como uma representação mais completa e rica da visão de Ridley Scott.
O filme contribuiu para o diálogo sobre a representação das Cruzadas no cinema, trazendo uma perspectiva que enfatizava a complexidade e a multidimensionalidade dos conflitos. A ênfase em personagens que buscavam a paz e a tolerância em meio à violência e ao fanatismo ressoou com audiências contemporâneas, refletindo preocupações modernas com a coexistência religiosa e cultural.
Considerações Finais
“Cruzada” é um épico histórico que tenta capturar a essência tumultuada e multifacetada das Cruzadas. Através de sua narrativa, personagens e representações visuais, o filme oferece uma janela para um dos períodos mais complexos e influentes da história medieval. Lançado em um contexto de renovado interesse por filmes históricos, “Cruzada” de Ridley Scott continua a ser uma obra significativa, tanto por sua ambição artística quanto por sua exploração dos temas universais de guerra, paz, fé e redenção.
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