“Elis – Viver é Melhor que Sonhar” é uma minissérie biográfica de 2019 sobre a vida e carreira da icônica cantora brasileira Elis Regina.
Ficha Técnica
“Elis – Viver é Melhor que Sonhar (2019)”
Direção:
Hugo Prata
Roteiro:
Luiz Bolognesi e Vera Egito
Produção:
Globo
Quantidade de Capítulos:
4 episódios
Elenco Principal:
Andréia Horta como Elis Regina
Caco Ciocler como César Camargo Mariano
Gustavo Machado como Ronaldo Bôscoli
Rodrigo Pandolfo como Nelson Motta
Isabel Wilker como Nara Leão
Lúcio Mauro Filho como Miéle
Júlio Andrade como Lennie Dale
Prêmios Recebidos:
Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV (Andréia Horta) no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
Melhor Atriz (Andréia Horta) no Festival de Cinema de Gramado, e Melhor Filme de Ficção no Prêmio Platino do Cinema Ibero-Americano (pelo filme que serviu de base da minissérie)
Resumo
Minissérie biográfica que retrata a vida e a carreira de Elis Regina, uma das mais icônicas cantoras da música popular brasileira (MPB). Composta por quatro episódios, a série é uma adaptação do filme “Elis” (2016) e oferece uma visão aprofundada e emocionante da trajetória da artista, desde seus primeiros passos na música até sua morte prematura.
Análise de “Elis – Viver é Melhor que Sonhar” (2019)
A série foi lançada em um período de grande efervescência cultural no Brasil, onde a nostalgia e a valorização de grandes ícones da música e da cultura brasileira ganharam destaque. Em 2019, o Brasil vivia um momento de reavaliação histórica e cultural, com diversas produções resgatando a memória de artistas que marcaram a história do país. A série se insere nesse contexto, trazendo à tona a trajetória de uma artista que não apenas revolucionou a música brasileira, mas também se posicionou politicamente em momentos cruciais da história do Brasil.
Produzida pela Globo, a série conta com direção de Hugo Prata e roteiros de Luiz Bolognesi e Vera Egito. A série foi filmada em diversas locações no Brasil, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, cidades onde a cantora viveu e trabalhou durante grande parte de sua vida.
O filme aborda a vida da cantora dentro de um contexto histórico conturbado de ditadura militar e efervescência cultural, o final da década de 1960 até 1982, com a sua morte cedo demais. Este período foi marcado por intensas transformações sociais, políticas e culturais no Brasil.
A ditadura militar (1964-1985) impôs uma série de restrições à liberdade de expressão e perseguiu artistas e intelectuais que se posicionavam contra o regime. Elis Regina foi uma dessas vozes de resistência, utilizando sua música e sua fama para criticar abertamente a repressão e a censura.
Elementos Históricos e Culturais na Série
A série destaca não apenas a trajetória musical da cantora, mas também seu envolvimento com a política e sua luta pela liberdade artística. Os episódios mostram Elis enfrentando a censura e defendendo colegas artistas perseguidos pelo regime militar. Um exemplo é o momento em que Elis canta “O Bêbado e a Equilibrista” (1979), de João Bosco e Aldir Blanc, uma canção que se tornou um hino de resistência contra a ditadura, já em seus anos finais.
Além do contexto político, a série explora a revolução cultural que marcou a MPB nas décadas de 1960 e 1970. Elis Regina foi uma figura central nesse movimento, colaborando com compositores e músicos que viriam a se tornar grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque. A série retrata esses encontros e colaborações, destacando a importância da cantora na promoção e disseminação da MPB.
Caracterização e Interpretação
A atriz Andréia Horta, que interpreta Elis Regina, entrega uma performance aclamada, capturando a essência da cantora tanto em suas apresentações de palco quanto em seus momentos pessoais mais íntimos. A série se preocupa em mostrar ela como uma figura multifacetada: uma artista genial, uma mãe dedicada, uma mulher de opiniões fortes e uma cidadã engajada politicamente. A caracterização de Horta, aliada à direção de arte e à trilha sonora, ajuda a transportar o espectador para a época em que Elis viveu e brilhou.
Impacto e Recepção
“Elis – Viver é Melhor que Sonhar” foi bem recebida tanto pela crítica quanto pelo público, sendo elogiada por sua fidelidade histórica e pela qualidade de suas interpretações. A série contribuiu para a revitalização do interesse pela obra de Elis Regina, especialmente entre as gerações mais jovens que não viveram o auge de sua carreira. A produção também foi importante para reafirmar o papel de Elis como uma figura de resistência e coragem em tempos de opressão.
Considerações Finais
“Elis – Viver é Melhor que Sonhar” é uma homenagem a uma das maiores artistas que o Brasil já produziu. A série contextualiza a trajetória de Elis Regina dentro de um período tumultuado da história brasileira, destacando seu papel não apenas como cantora, mas também como uma voz ativa contra a repressão e a censura. Produzida em um momento de redescoberta cultural, a série reafirma a importância de se recordar e celebrar figuras que, como Elis, usaram sua arte para fazer a diferença.
O série, como o filme, é um testemunho poderoso do legado de Elis Regina, uma artista cuja voz ainda ressoa forte na memória e no coração dos brasileiros. A série serve como um lembrete de que viver é, de fato, melhor que sonhar, especialmente quando se vive com a intensidade e a paixão que caracterizaram a vida de Elis Regina.