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Estrelas Além do Tempo (2016) | Pra mostrar seu talento, elas precisaram vencer o Racismo e a Misoginia primeiro

Estrelas Além do Tempo – Três mulheres brilhantes, que para mostrar o quanto eram capazes tiveram que primeiro vencer os preconceitos raciais e de gênero. Hoje são consideradas essenciais para a história do programa espacial.

Tempo de Leitura: 8 min

“Estrelas Além do Tempo” em poucas palavras

“Estrelas Além do Tempo” é um drama baseado em fatos reais que destaca a contribuição crucial de mulheres afro-americanas na NASA durante os anos 1960.

O filme concentra-se em três mulheres brilhantes – Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson – que desafiaram barreiras raciais e de gênero para desempenhar papéis fundamentais no programa espacial dos Estados Unidos.

A narrativa aborda temas de discriminação racial, igualdade de gênero e resiliência, oferecendo uma perspectiva inspiradora sobre a importância do trabalho dessas mulheres no avanço da exploração espacial. O filme recebeu aclamação tanto por sua relevância histórica quanto por suas performances envolventes.


Análise de “Estrelas Além do Tempo”

Estrelas do Tempo e do Espaço

“Estrelas Além do Tempo” é um filme norte-americano de 2016, dirigido por Theodore Melfi, baseado no livro de Margot Lee Shetterly. Essa obra cinematográfica, inspirada em fatos reais, destaca a contribuição fundamental de três mulheres afro-americanas para a NASA durante a corrida espacial nos anos 1960.

Estrelas além do tempo

O filme segue as vidas de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, interpretadas respectivamente por Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe. Essas mulheres, conhecidas como “computadoras humanas”, superaram barreiras raciais e de gênero para desempenhar papéis cruciais nos cálculos matemáticos necessários para o sucesso das missões espaciais.

O filme “Estrelas Além do Tempo” aborda os desafios profissionais enfrentados pelas protagonistas, assim como as injustiças sociais da época, como a segregação racial. A perseverança e a resiliência dessas mulheres diante de obstáculos significativos, contribuindo para a conscientização sobre as contribuições muitas vezes esquecidas de cientistas afro-americanas para a exploração espacial, são uma inspiração para todos nós, e motivo para muitas reflexões.

A Verdadeira História por trás do filme

Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, as protagonistas de “Estrelas Além do Tempo”, trabalharam na NASA na década de 1960 como “computadores humanos“, um termo usado para pessoas que faziam cálculos complexos antes do uso de computadores eletrônicos modernos. No entanto, o trabalho dessas cientistas ia muito além da simples realização de contas: elas foram fundamentais para o desenvolvimento da exploração espacial.

Estrelas além do tempo

Katherine Johnson era uma matemática brilhante. Desde pequena, mostrou habilidades excepcionais com os números. Seu talento era tão impressionante que ela pulou diversas séries na escola e ingressou na universidade com apenas 15 anos.

Formou-se em Matemática e Francês aos 18 anos e logo depois ingressou no Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA), que mais tarde se tornaria a NASA. Lá, destacou-se por sua capacidade de resolver problemas complexos e sua precisão impressionante nos cálculos.

Seu maior feito foi calcular manualmente as trajetórias das primeiras missões espaciais tripuladas dos Estados Unidos. Em uma época em que os computadores eletrônicos ainda eram novidade e pouco confiáveis, Katherine era a pessoa de confiança dos astronautas.

John Glenn, antes de embarcar na histórica missão em que orbitou a Terra, exigiu que Katherine verificasse os cálculos feitos pelo computador. Apenas depois de sua confirmação, ele seguiu para o lançamento.

Além disso, Katherine trabalhou em missões importantes, como o projeto Apollo 11, que levou o homem à Lua, e a missão Apollo 13, em que ajudou a criar uma rota de reentrada segura para os astronautas após um acidente a bordo da nave. Seu trabalho matemático foi essencial para a exploração espacial americana.

Dorothy Vaughan também teve um papel essencial na NASA, especialmente na transição para o uso de computadores eletrônicos. Com sua grande inteligência e visão estratégica, ela percebeu que a chegada das máquinas significaria uma mudança profunda no trabalho da NASA. Ao invés de temer essa mudança, ela decidiu aprender a programar e estudou a linguagem Fortran, uma das primeiras linguagens de programação criadas.

Com esse conhecimento, Dorothy se tornou uma especialista na programação das enormes máquinas IBM que a NASA havia adquirido. Seu trabalho foi essencial para garantir que esses computadores funcionassem corretamente e pudessem realizar cálculos rápidos e precisos, um grande avanço para as missões espaciais. Além disso, ela ensinou outras mulheres negras a programar, garantindo que tivessem oportunidades dentro da NASA e ajudando a criar uma geração de cientistas da computação.

Mary Jackson, por sua vez, destacou-se na engenharia aeroespacial. Trabalhando diretamente com experimentos em túneis de vento, ela ajudava a determinar como as espaçonaves deveriam ser projetadas para enfrentar condições extremas no espaço.

No entanto, para se tornar oficialmente engenheira, ela precisava frequentar um curso que era oferecido apenas em uma escola que não aceitava estudantes negros. Determinada a seguir sua vocação, Mary entrou na Justiça e conseguiu permissão para estudar na instituição, tornando-se a primeira engenheira negra da NASA.

Graças a sua expertise, Mary ajudou a melhorar o desempenho das naves espaciais e a resolver problemas aerodinâmicos críticos. Seu trabalho influenciou diretamente o design das espaçonaves e foi fundamental para o avanço das missões espaciais da NASA.

Essas três mulheres foram pioneiras em suas áreas, mas durante muito tempo seus nomes foram pouco reconhecidos. Foi apenas recentemente que elas passaram a receber o devido crédito por suas contribuições.

O legado de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson não se limita à NASA. Elas abriram portas para futuras gerações de cientistas, matemáticas e engenheiras negras, mostrando que talento e inteligência não têm cor. Suas trajetórias também lembram a importância de lutar por igualdade e por um mundo onde todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades, independentemente de sua origem.

Hoje, seus nomes estão em livros, escolas e até mesmo em edifícios da NASA. Em 2015, Katherine Johnson recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das maiores honrarias dos Estados Unidos. Dorothy Vaughan e Mary Jackson também foram homenageadas póstumanente por suas contribuições.

A NASA e o Preconceito nos Anos 1960

Além dos aspectos científicos, um ponto alto do filme “Estrelas Além do Tempo” é mostrar a situação de racismo e misoginia existente nos meios acadêmicos e na agência espacial americana nos anos 1960.

Naquele momento a NASA era um ambiente predominantemente masculino e branco. Para uma mulher negra, ingressar e crescer dentro da agência espacial americana era um desafio imenso. A segregação racial ainda era uma realidade nos Estados Unidos, e isso refletia diretamente nas oportunidades de trabalho. As mulheres negras enfrentavam uma barreira dupla: o preconceito de gênero e a discriminação racial.

Naquela época, a NASA ainda carregava as estruturas segregacionistas presentes na sociedade americana. As funcionárias negras trabalhavam em setores separados dos colegas brancos, como no caso das “West Area Computers”, uma divisão exclusivamente feminina e negra, onde matemáticas brilhantes realizavam cálculos complexos que ajudavam no avanço da corrida espacial.

Apesar da importância do trabalho que realizavam, essas mulheres recebiam menos reconhecimento e não tinham as mesmas oportunidades de promoção que seus colegas homens e brancos.

Além da separação física nos espaços de trabalho, as cientistas negras enfrentavam dificuldades cotidianas. Banheiros, refeitórios e até bebedouros eram divididos por raça, o que obrigava funcionárias negras a percorrer grandes distâncias dentro do prédio para utilizar instalações destinadas a elas. Esse tipo de obstáculo criava um ambiente de exclusão e inferiorização, reforçando a ideia de que as mulheres negras não pertenciam a esse meio.

O preconceito dentro da NASA refletia um problema maior da sociedade americana, onde o acesso de mulheres negras à educação superior e a cargos de liderança era severamente limitado. Mesmo quando tinham diplomas e eram altamente qualificadas, muitas dessas mulheres eram relegadas a cargos subalternos e impedidas de crescer profissionalmente.


O filme “Estrelas Além do Tempo” recebeu elogios por sua narrativa envolvente, atuações marcantes e por destacar uma parte essencial, mas frequentemente negligenciada, da história da NASA. Hoje, os nomes de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson são reconhecidos e celebrados, mas a história de suas dificuldades deve ser lembrada para que as futuras gerações compreendam a importância da diversidade na ciência e na tecnologia.

A importância dessas três brilhantes cientistas ajudou os Estados Unidos na Corrida Espacial, mas uma outra conquista provavelmente muito mais importante foi alcançada aqui na superfície da Terra mesmo. Graças à coragem dessas mulheres, a NASA passou por transformações importantes e, atualmente, valoriza cada vez mais a inclusão e a igualdade de oportunidades.

Além disso, o filme “Estrelas Além do Tempo” contribui para o diálogo sobre igualdade de gênero e raça, inspirando uma apreciação mais profunda do papel das mulheres afro-americanas na ciência e na tecnologia.

Veja mais filmes históricos.

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Sobre o Autor

equipe

Valdiomir Meira é licenciado em História e Letras, com pós-graduação em metodologia de ensino da língua portuguesa, metodologias inovadoras de educação e semiótica. Sua grande paixão é ler, viajar e ensinar. Leitor dedicado de quadrinhos e pesquisador nas áreas de educação e mitologia. Além de outras atuações profissionais, como criação de conteúdo para internet e tutoriais, também é redator e editor de artigos para blogs.

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