Muito antes dos sucessos bilionários do MCU, a Marvel quase faliu tentando chegar ao cinema — descubra os bastidores dessa jornada épica.
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A Marvel antes do MCU
Se você cresceu lendo quadrinhos de super-heróis, com certeza já passou horas imaginando como aquelas histórias ficariam fantásticas no cinema. E também deve ter ficado pensando como tantos filmes bobos eram criados, e Hollywood continuava ignorando roteiros incríveis como Guerras Secretas, A Última Caçada de Kraven ou A Saga da Fênix Negra, só pra citar algumas das grandes sagas da Marvel Comics. Pois saiba que você não é o único que tinha este sentimento. E não estou falando de mim, pois aqui somos todos marvetes. Estou falando do próprio senhor excelcior, Stan Lee.
Durante anos Lee negociou com estúdios de Hollywood na tentativa de que transformassem os personagens da Marvel em filmes. Afinal, desde os anos 1980, filmes de fantasia e aventura como Star Wars e Indiana Jones tinham deixado o público ávido por mais filmes de universos fantásticos. Mas por alguma razão obscura, Hollywood parecia não conseguir enxergar o potencial de personagens como o Homem-Aranha e os X-Men.
Nas poucas vezes em que tentaram produzir alguma adaptação, distorceram tanto a história dos personagens, e fizeram com tanta limitação orçamentária, que seria impossível agradar os fãs ou conquistar novos públicos. Fiascos como o filme do Capitão América (1990) ou do Quarteto Fantástico (1994) pareciam reforçar a tese de que os quadrinhos não eram um bom material para ser adaptado.

Felizmente sucessos como Superman (1979) e Batman (1989) ainda deixavam uma pequena esperança de que os estúdios entendessem o que parecia óbvio para os fãs: tudo dependia de bons profissionais, um bom orçamento e de fidelidade ao material original.
Sem conseguir emplacar seus filmes no cinema, e sofrendo uma crise editorial, a Marvel quase foi à falência nos anos 1990, e se viu obrigada a por preço em seu patrimônio intelectual pra não fechar de vez as portas. Stan Lee, então presidente emérito da Marvel, se desesperava ao ver o valor que era oferecido por suas criações. A Marvel precisou negociar seus principais personagens com estúdios como a Fox, a Universal e a Sony, e perdeu o direito de adaptação de títulos importantes como X-Men, Hulk e Homem-Aranha.
Mas o que parecia ruim pode ter sido a roda que faltava pra engrenagem funcionar, e o jogo pra Marvel no cinema começou a mudar quando boas adaptações da Casa das Ideias começaram a surgir. A Fox foi a primeira a testar a nova propriedade intelectual, e com certeza não se arrependeu. O filme X-Men (2000), de Brian Singer, mostrou o potencial dos heróis Marvel quando eram bem adaptados. Toda a concepção de Lee estava ali bem representada – personagens imperfeitos, indefinidos moralmente, humanos. E muita ação.
A sorte estava lançada, e logo a Sony faria história também com Homem-Aranha (2002), pelas mãos de Sam Raimi. A Universal, por sua vez, entregou seu principal personagem nas mãos de outro diretor que fazia muito sucesso no começo dos anos 2000, Ang Lee, e assim tivemos o filme do Hulk (2003), que dividiu opiniões. Mas se o gigante esmeralda não teve tanto sucesso, os mutantes e o amigão da vizinhança continuaram firmes em suas sequências, enchendo os cofres da Sony e da Fox, e consolidando um novo gênero de filmes.
Era chegada a hora da Marvel apostar alto e investir na sétima arte. Contudo, a dúvida que ficava no ar era: será que ela seria capaz de fazer isso sem seus personagens mais conhecidos? Afinal, personagens como Hulk, X-Men e Homem-Aranha já eram bem conhecidos do grande público graças aos desenhos e séries de sucesso dos anos 1980 e 1990. Mas o que tinha sobrado de direitos autorais para a Marvel adaptar eram os personagens menos lucrativos, que não vendiam tantas revistas ou que não tiveram desenhos tão populares. Não era uma decisão fácil, mas felizmente a Marvel se provou digna, e o resto é história.
Surge o MCU – Apostas arriscadas e Muita Ousadia
Assim como Stan Lee e Jack Kirby fizeram no início dos anos 1960, a Marvel começou seu universo cinematográfico com um filme que poderia ser um grande sucesso, ou enterrar de vez as suas ambições na telona. E o personagem escolhido para dar o salto inicial foi o Homem de Ferro.
Alguns anos antes esta teria sido uma decisão questionável, mas no início dos anos 2000 o personagem de Tony Stark e os Vingadores tinha crescido em popularidade dentro da Marvel. Isso se devia em grande parte ao bom trabalho de autores como Brian Michael Bendis e Mark Millar, que reinventaram os personagens em sagas como A Queda, Os Novos Vingadores, Guerra Civil e Os Supremos. Em todas estas obras o Homem de Ferro era um personagem altamente relevante e até mesmo engraçado.
Além disso, personagens que orbitavam o universo do herói, como a Viúva Negra e Nick Fury estavam disponíveis para a Marvel adaptar. Mais que isso, os quadrinhos de Mark Millar até sugeriam possíveis atores para interpreta-los, como Samuel L. Jackson. Assim, sem dizer muito a que vinha, a Marvel iniciou sua Fase 1 sem muito alarde, apresentando a história do personagem e dando o primeiro passo para uma narrativa maior em sua primeira cena pós-créditos com Nick “Samuel L. Jackson” Fury.
Mas como isso iria se consolidar no empreendimento mais ousado da história de super-heróis na telona? Continue conosco no próximo artigo que falaremos sobre a Fase 1 do MCU.