Missão Impossível – Um agente da IMF luta para limpar seu nome após ser acusado de traição. Suspense e Ação no melhor de Brian De Palma.
Ficha Técnica
“Missão Impossível” (1996)
Título Original: Mission: Impossible
Direção: Brian De Palma
Duração: 110 minutos
Elenco Principal
Tom Cruise (Ethan Hunt), Jon Voight (Jim Phelps), Emmanuelle Béart (Claire Phelps), Ving Rhames (Luther Stickell), Jean Reno (Franz Krieger), Vanessa Redgrave (Max), Henry Czerny (Eugene Kittridge)
Prêmios Recebidos
Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, USA (1997):
Indicado ao prêmio Saturn de Melhor Filme de Ação/Aventura/Thriller, e Tom Cruise indicado ao prêmio Saturn de Melhor Ator
BMI Film & TV Awards (1997):
Danny Elfman ganhou o prêmio BMI Film Music Award pela trilha sonora
Blockbuster Entertainment Awards (1997):
Tom Cruise ganhou o prêmio de Melhor Ator de Filme de Ação/Aventura, e Ving Rhames ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante de Filme de Ação/Aventura
Disponível
Resumo
“Missão Impossível” é um eletrizante filme de espionagem baseada na série clássica dos anos 60. Na trama, o agente Ethan Hunt é acusado de traição após uma missão em Praga resultar em desastre. Em sua busca para limpar seu nome, Hunt descobre uma conspiração dentro da IMF (Impossible Mission Force) e se junta a um grupo de especialistas, incluindo o hacker Luther Stickell e a enigmática Claire Phelps. A trama se desenrola com reviravoltas, ação intensa e cenários internacionais. Dirigido por Brian De Palma, “Missão Impossível” combina suspense, tecnologia e intriga política em seu melhor estilo.
Análise de “Missão Impossível” (1996)
“Missão Impossível” (1996) é um filme de ação e espionagem dirigido por Brian De Palma, baseado na série de TV homônima dos anos 60 e 70. Tom Cruise, astro de sucessos como Top Gun e Dias de Trovão, dá vida ao agente Ethan Hunt, que possui alguns dos talentos mais utilizados na série original, como investigação e disfarce. Durante uma missão mal sucedida, em que quase toda a sua equipe é assassinada, ele se vê em meio a uma complexa conspiração envolvendo altos escalões do IMF.
O filme mistura intriga, ação e reviravoltas, sendo um marco no gênero de espionagem dos anos 90, já um pouco esgotado depois de tantos filmes da série 007. De Palma, que já havia adaptado “Os Intocáveis” para o cinema em 1987, traz de volta o que havia de melhor na série que marcou os anos 60. Mais que isso, ele incorpora nela seu próprio estilo de filmar, que envolve suspense, personagens memoráveis e muitas cortinas de fumaça. Seguindo a risca a escola dos bons filmes de espionagem, tudo que é apresentado pode ser falso, e não se pode acreditar em ninguém.
Espionagem sem Guerra Fria
A série de TV “Missão Impossível”, criada por Bruce Geller, foi ao ar de 1966 a 1973 e é conhecida por suas missões elaboradas e pela famosa frase “Your mission, should you choose to accept it…”. A série apresentava a equipe da IMF (Impossible Mission Force), liderada por Jim Phelps, que usava tecnologia e disfarces para derrotar vilões da Guerra Fria. A adaptação cinematográfica manteve alguns elementos centrais, como o líder Jim Phelps (agora interpretado por Jon Voight), mas trouxe um tom mais moderno e frenético.
Nos anos 90, o contexto histórico era bastante diferente do período em que a série foi ao ar. Com o fim da Guerra Fria, concretizada pela queda do Muro de Berlim em 1989 e pela dissolução da União Soviética em 1991, a espionagem governamental se transformou. A própria KGB, agência de inteligência soviética, teve suas atividades encerradas em 1991, após uma tentativa frustrada de golpe de Estado contra o então presidente Mikhail Gorbachev, que mudara a orientação política da Rússia na direção de uma social democracia.
Nos anos 60 e 70, a espionagem estava fortemente focada no conflito entre os EUA e a União Soviética, com agentes infiltrados e tecnologias emergentes de vigilância. Esse cenário gerava um clima de desconfiança muito explorado nos filmes de espionagem. Sem a KGB e seus inimigos clássicos, e sem este cenário de constante conflito, os filmes de espionagem precisaram encontrar outros conteúdos para suas tramas. Na década de 90, o cenário era marcado pelo avanço tecnológico, com a internet em expansão e novas ameaças globais surgindo, como o terrorismo.
O filme “Missão Impossível” reflete essas mudanças, mostrando uma rede de espionagem globalizada e altamente tecnológica. Dentro deste cenário pós guerra fria, o inimigo se dilui em grupos não governamentais que ganham força. Grupos que agem fora de convenções, que não estão vinculadas a um Estado específico, e que portanto representam um ameaça ao mundo como ele está organizado. Conhecer o potencial destes grupos se torna o principal objetivo das redes de inteligência existentes pelo mundo, como a CIA (Central Intelligence Agency) nos Estados Unidos e o MI-6 (Military Intelligence, Section 6) na Inglaterra, e este trabalho é muitas vezes feito com agentes infiltrados.
A Nova IMF
A trama de “Missão Impossível” começa com uma missão em Praga, onde a equipe de Ethan Hunt é traída e eliminada, exceto por ele. Hunt é acusado de ser um traidor e precisa descobrir quem armou para ele. Ao longo do filme, ele conta com a ajuda de Luther Stickell (Ving Rhames), um hacker especialista, e Claire Phelps (Emmanuelle Béart), esposa do supostamente falecido Jim Phelps.
A morte de Phelps, pra quem conhecia a série, dá o tom de desespero que a trama precisa, pois ele era o personagem central que recebia as mensagens misteriosas com a missão e convocava os demais agentes. Sem ele, não há ninguém em quem o personagem sobrevivente possa confiar. Todo o filme se desenvolve pelo olhar deste personagem, o agente Ethan Hunt, feito sob encomenda para o ator Tom Cruise. E este, talvez, seja o ponto mais fraco da trama, pois ele é o único de quem não é possível desconfiar. Isso, claro, não chega a estragar a experiência de aventura que o filme propõe.
Brian De Palma é famoso por seus enquadramentos precisos e suspense construído dentro da escola Hitchcockiana. Em “Missão Impossível”, ele utiliza essas técnicas para criar cenas memoráveis, como os cacos de vidro no corredor, e a invasão ao cofre da CIA, onde Hunt é suspenso do teto em uma operação milimetricamente calculada. Essa cena, em particular, se tornou icônica pela tensão criada, sendo homenageada em muitas outras produções posteriores.
Burlar o sistema de segurança da CIA, Everest dos impossíveis que faz os olhos de Luther brilharem, se justifica na trama para conseguir o maior objeto de interesse dos grupos de espionagem: uma lista com o nome dos agentes infiltrados e suas posições. Um segredo valioso, que logicamente atrai a atenção de quem apenas deseja comercializar uma mercadoria pelo preço mais vantajoso, traficantes de informação como o misterioso personagem Jó.
Curiosidades sobre “Missão Impossível” incluem a cena final do trem, que combinou filmagens em locação com efeitos visuais avançados para a época. Tom Cruise, conhecido por realizar suas próprias acrobacias, insistiu em filmar a maioria das cenas de ação sem dublês, aumentando o realismo das sequências. A música tema, composta por Lalo Schifrin para a série de TV, foi modernizada por Danny Elfman para o filme, mantendo a essência rítmica e energética que se tornou sinônimo de “Missão Impossível”.
Recepção
A recepção do público e da crítica ao filme foi majoritariamente positiva. Tom Cruise entregava o que sabia fazer de melhor, com cenas de ação realistas e muito carisma. Brian De Palma mostrava que era um mestre em combinar ação e suspense, criando um filme capaz de manter o espectador na ponta da cadeira. Embora alguns fãs da série original tenham criticado as mudanças nos personagens, especialmente no que se refere ao destino de Jim Phelps, o filme foi um sucesso de bilheteria e ajudou a revitalizar a franquia “Missão Impossível” para novas gerações.
Considerações Finais
Em comparação com outros filmes de De Palma, como “Carrie” e “Os Intocáveis”, “Missão Impossível” poderia ser visto como um trabalho menor, não sendo necessariamente um clássico como os citados. O filme se destaca em sua carreira pelo uso inovador de tecnologia e efeitos especiais, não tão presentes em seus outros trabalhos. A assinatura estilística mais pura de De Palma pode ser sentida mais no roteiro cheio de suspense, reviravoltas e intrigas, que caracterizam seu trabalho mais voltado para tramas policiais e de máfia, como Scarface e Snake Eyes.
“Missão Impossível” de 1996, contudo, serviu para revitalizar a franquia clássica, e também estabeleceu novos padrões para filmes de espionagem nos anos 90, que seria aprofundado em outras franquias como “A Identidade Bourne” e no 007 de Daniel Craig. Com uma combinação de ação, suspense e inovação tecnológica, o filme conseguiu o feito de deixar um gostinho de “quero mais”, que o astro Tom Cruise soube aproveitar muito bem, gerando uma das franquias mais lucrativas dos últimos anos. Com a recusa de Brian De Palma de participar das continuações, ele passou a buscar parceria com outros diretores talentosos que despontavam naquela década, como John Woo e J. J. Abrams.
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