FICHA TÉCNICA
O Nome da Rosa/The Name of the Rose (1986)
Duração: 130 minutos
Diretor: Jean-Jacques Annaud
Elenco Principal:
Sean Connery como William de Baskerville
Christian Slater como Adso de Melk
F. Murray Abraham como Bernardo Gui
Principais Prêmios:
Urso de Ouro (Festival de Berlim) – 1987
César de Melhor Diretor (Jean-Jacques Annaud) – 1987
BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery) – 1987
Sinopse
Baseado no romance homônimo de Umberto Eco, “O Nome da Rosa” se passa em um mosteiro beneditino na Itália do século XIV. O monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery) é chamado para investigar uma série de misteriosas mortes ocorridas no local. Enquanto desvenda os enigmas, ele se depara com intrigas religiosas e filosóficas que ameaçam abalar as estruturas da Igreja Católica.
Onde se Analisa o Filme, mas Sem esquecer o Livro
O Nome da Rosa – Investigação e Filosofia no Labirinto da Fé e do Conhecimento
“O Nome da Rosa” é um filme de mistério e suspense lançado em 1986, dirigido por Jean-Jacques Annaud e estrelado por Sean Connery, Christian Slater e F. Murray Abraham. O filme é uma adaptação do romance homônimo de Umberto Eco, publicado em 1980. Ambientado em um mosteiro beneditino no norte da Itália durante o século XIV, o filme explora temas como a fé, a heresia, o conhecimento e o poder, através de uma narrativa envolvente que combina investigação de assassinato com uma profunda reflexão sobre a história e a filosofia medieval.
O contexto histórico do lançamento de “O Nome da Rosa” é significativo, pois a década de 1980 foi marcada por uma renovação do interesse em filmes de época e adaptações literárias. A produção do filme ocorreu principalmente na Alemanha e na Itália, com locações em áreas medievais preservadas que ajudaram a criar uma atmosfera autêntica e imersiva. A atenção aos detalhes históricos e arquitetônicos foi fundamental para transportar os espectadores ao período medieval.
Onde se fala da Trama, Seus Personagens e Algumas Curiosidades
A história do filme é centrada no monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery) e seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), que chegam ao mosteiro para participar de um debate teológico. No entanto, ao chegarem, descobrem que uma série de mortes misteriosas está ocorrendo no mosteiro. William, um homem de razão e lógica, decide investigar os assassinatos, desafiando a obscuridade e a superstição que permeiam o ambiente monástico.
Um detalhe curioso sobre o personagem de Sean Connery, que os leitores de Umberto Eco com certeza notaram, é a mudança de nome do personagem principal. Originalmente chamado Guilherme de Baskerville no romance, foi alterado para William de Baskerville no filme. Essa mudança, que pode parecer sutil, foi adotada para tornar o personagem mais acessível ao público internacional, especialmente ao público de língua inglesa, uma vez que “William” é a forma inglesa do nome “Guilherme.”
Outra curiosidade interessante é a escolha do sobrenome “Baskerville”, uma referência literária ao clássico de Arthur Conan Doyle, “O Cão dos Baskervilles”. É clara a influência que o Sherlock Holmes de Doyle teve na criação do personagem de Eco, um detetive sagaz e racional.
Onde se analisa o Contexto Histórico
O período histórico aproximado do qual o filme trata é o final da Idade Média, especificamente o século XIV. Este foi um tempo de grande turbulência na Europa, caracterizado por conflitos religiosos, heresias e a Inquisição. A Igreja Católica, na época, era uma instituição poderosa, mas enfrentava desafios internos e externos, incluindo o surgimento de novas correntes de pensamento e a disseminação de conhecimentos que muitas vezes colidiam com as doutrinas estabelecidas.
O filme retrata fielmente muitos aspectos desse período. A ambientação do mosteiro é um exemplo excelente de arquitetura medieval, com suas estruturas austeras, a biblioteca labiríntica e os manuscritos antigos. Os elementos visuais, como os trajes dos monges, a iconografia religiosa e os interiores sombrios e frios, contribuem para a construção de uma atmosfera autêntica e evocativa.
Onde se Fala dos Temas Explorados
Um dos temas centrais de “O Nome da Rosa” é a tensão entre fé e razão. William de Baskerville, com seu espírito inquisitivo e racional, representa o avanço do pensamento científico e filosófico que começava a emergir na Europa. Ele usa métodos dedutivos e uma abordagem empírica para resolver os mistérios, contrastando com os outros monges, que muitas vezes recorrem a explicações sobrenaturais ou dogmáticas para os eventos. Essa dicotomia é ilustrada de forma brilhante na relação entre William e o inquisidor Bernardo Gui (F. Murray Abraham), que simboliza a intolerância e o autoritarismo da Inquisição.
O filme também aborda o tema do conhecimento e do poder. A biblioteca do mosteiro, que é um labirinto de livros raros e proibidos, serve como uma metáfora para o controle do conhecimento. O medo de heresias leva os líderes da Igreja a suprimir certas obras e ideias, uma prática que William questiona e desafia. Este controle do conhecimento é personificado na figura do bibliotecário Jorge de Burgos (Feodor Chaliapin Jr.), um monge cego que acredita firmemente na necessidade de manter certos textos longe dos olhos dos homens comuns, por medo de que eles corrompam suas almas.
Os assassinatos no mosteiro estão todos ligados a um livro específico da biblioteca, um texto perdido de Aristóteles sobre o riso. Este detalhe não é apenas um elemento de suspense, mas também uma reflexão sobre o papel da literatura e da filosofia na vida humana. O filme sugere que o conhecimento e a busca pela verdade são inerentes à natureza humana, mas que também podem ser perigosos e subversivos em um contexto de censura e controle religioso.
Onde se Fala de Atuações Inesquecíveis e dos Aplausos do Público
A atuação de Sean Connery como William de Baskerville é um dos pontos altos do filme. Connery traz uma presença carismática e intelectual ao papel, equilibrando sagacidade e seriedade. Christian Slater, como o jovem noviço Adso, oferece uma contraparte mais ingênua e impressionável, que aprende e cresce ao longo da história. O elenco de apoio, composto por diversos atores europeus talentosos, ajuda a criar um ambiente convincente e rico em nuances.
“O Nome da Rosa” foi bem recebido pela crítica e pelo público, embora tenha gerado algumas controvérsias devido ao seu conteúdo provocador e à sua abordagem crítica da Igreja. O filme ganhou vários prêmios, incluindo o César de Melhor Filme Estrangeiro, e consolidou-se como um clássico do cinema histórico.
Em termos de representação histórica, “O Nome da Rosa” é notável por sua precisão e atenção aos detalhes. A recriação da vida monástica medieval é meticulosa, desde os rituais diários dos monges até os debates teológicos e os procedimentos da Inquisição. O filme não apenas entretém, mas também educa, oferecendo uma janela para um período complexo e fascinante da história europeia.
A adaptação do romance de Umberto Eco para o cinema foi um desafio, dado o conteúdo denso e filosófico do livro. No entanto, Jean-Jacques Annaud conseguiu capturar a essência da obra, mantendo o equilíbrio entre a narrativa de mistério e as reflexões mais profundas sobre conhecimento, poder e fé. O filme se destaca por sua capacidade de engajar o espectador enquanto provoca questionamentos sobre temas universais e atemporais.
Onde se Falam Algumas Últimas Palavras
“O Nome da Rosa” é uma obra cinematográfica que combina suspense, história e filosofia de maneira magistral. Lançado em um contexto de renovado interesse por histórias de época e adaptações literárias, o filme oferece uma representação rica e detalhada do século XIV, abordando questões de fé, razão, e o poder do conhecimento. Com performances memoráveis e uma direção cuidadosa, o filme continua a ser uma referência tanto no gênero de mistério quanto no de drama histórico.
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