O que foram as Cruzadas? Por que cavaleiros treinados para proteger seus reinos foram enviados a uma terra estrangeira distante para guerrear? Quais o verdadeiro motivo das Cruzadas à cidade de Jerusalém?
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O que foram as Cruzadas
As Cruzadas foram uma série de expedições militares organizadas pelos cristãos da Europa Ocidental entre os séculos XI e XIII, com o objetivo de recuperar a Terra Santa, especialmente Jerusalém, que estava sob domínio muçulmano.
No entanto, elas não foram apenas batalhas religiosas; envolviam política, economia e disputas territoriais que transformaram a Europa e o Oriente Médio. Mas como tudo isso começou?
O Que Levou às Cruzadas?
Para entender o início das Cruzadas, é preciso voltar um pouco no tempo. No século XI, a Europa Ocidental era dominada por um sistema feudal, onde reis, nobres e cavaleiros viviam em uma estrutura hierárquica baseada na posse de terras.
Enquanto isso, o mundo islâmico estava dividido em diferentes dinastias, como os fatímidas no Egito e os seljúcidas na Pérsia e na Anatólia. Já o Império Bizantino, herdeiro do antigo Império Romano do Oriente, tentava manter suas fronteiras e resistir às invasões muçulmanas.
O grande estopim para as Cruzadas foi a expansão dos turcos seljúcidas, um povo muçulmano de origem turca que tomou grandes territórios do Império Bizantino, incluindo a cidade de Niceia e a região da Anatólia (atual Turquia).
Em 1071, os bizantinos sofreram uma derrota desastrosa na Batalha de Manziquerta, o que colocou o império em uma situação muito difícil. Temendo perder ainda mais territórios, o imperador bizantino Aleixo I Comneno decidiu pedir ajuda ao Ocidente.

Cristãos, Muçulmanos e Bizantinos Antes das Cruzadas
Antes das Cruzadas, as relações entre cristãos e muçulmanos não eram apenas de guerra e hostilidade, como às vezes se pensa. De fato, havia bastante contato entre as duas culturas, principalmente por meio do comércio e da troca de conhecimentos.
Cidades como Bagdá, Córdoba e Damasco eram grandes centros de aprendizado e tecnologia, e muitos europeus viajavam para essas regiões em busca de conhecimento.
Por outro lado, também existia um histórico de conflitos entre os dois grupos. Desde a ascensão do Islã no século VII, os exércitos muçulmanos conquistaram territórios que antes eram cristãos, incluindo o norte da África, a Península Ibérica e partes do Império Bizantino.
Jerusalém, um dos lugares mais sagrados para os cristãos, caiu sob domínio islâmico em 638. Apesar disso, os muçulmanos geralmente permitiam que cristãos e judeus vivessem na região e visitassem os locais sagrados, desde que pagassem impostos específicos.
O Império Bizantino, por sua vez, estava em uma posição delicada. Durante séculos, ele manteve uma relação tensa com os reinos cristãos da Europa Ocidental, mas a ameaça turca fez com que o imperador Aleixo I deixasse as diferenças de lado e pedisse ajuda ao Ocidente.
O problema era que ele esperava reforços militares para recuperar suas terras, mas o que veio foi uma gigantesca mobilização religiosa e militar sem precedentes.
O Papel da Igreja Católica e do Papado
A Igreja Católica era a instituição mais poderosa da Europa na Idade Média, e o papa tinha uma influência gigantesca sobre reis, nobres e camponeses. No final do século XI, quem ocupava esse posto era o Papa Urbano II, um líder ambicioso que viu no pedido de ajuda do imperador bizantino uma oportunidade para unir os cristãos do Ocidente e fortalecer ainda mais a sua autoridade.
Em 1095, Urbano II convocou o famoso Concílio de Clermont, na França. Diante de uma multidão de nobres, cavaleiros e clérigos, ele fez um discurso inflamado pedindo que os cristãos pegassem em armas para libertar Jerusalém e ajudar os bizantinos contra os muçulmanos.
Ele prometeu que todos os que partissem para a guerra teriam seus pecados perdoados e garantiu que essa seria uma missão santa, recompensada com a salvação eterna. Essa promessa mexeu com o imaginário medieval, onde a religião era central na vida das pessoas.
O chamado do Papa teve um efeito impressionante. Nobres, cavaleiros e até camponeses decidiram participar da expedição, alguns movidos por fervor religioso, outros pela promessa de riquezas e terras no Oriente. Assim, em 1096, milhares de pessoas começaram a marchar rumo à Terra Santa, dando início à Primeira Cruzada.
As Cruzadas começaram como uma resposta a vários fatores combinados: a ameaça dos turcos seljúcidas ao Império Bizantino, o desejo da Igreja Católica de expandir sua influência e o entusiasmo dos cavaleiros europeus em busca de aventura, riqueza e salvação espiritual.
O que parecia ser apenas uma guerra religiosa logo se tornaria uma série de expedições complexas que mudariam o curso da história. Mas a Primeira Cruzada foi apenas o começo – muitas outras ainda estavam por vir, cada uma com suas próprias batalhas, personagens e consequências que moldariam o mundo medieval de maneiras inesperadas.
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