Qual a grande busca de Indiana Jones?
Nos filmes de Indiana Jones somos apresentados a personagens determinados e buscas impossíveis. Abner Ravenwood, professor de Indy, gastou sua vida buscando a Arca da Aliança. Henry Jones Sr., seu pai, fez o mesmo em sua jornada pelo Cálice Sagrado. Outros personagens menos virtuosos, como Mola Ram, usaram meios diabólicos para alcançar o que queriam, em seu caso as pedras de Sankara. Indy poucas vezes demonstrou ter tal dedicação a uma única causa. O trailer de Indiana Jones e a Relíquia do Destino, contudo, trás uma declaração curiosa do arqueólogo aventureiro. Ao final do trailer, ele declara “But I’ve been looking for this all my life“(Mas eu tenho procurado isso a vida toda), não deixando claro do que se trata.
O que poderia ser o ‘isso’ que ele procurou por toda a sua vida? Será que ele se refere a um objeto ainda desconhecido para nós? Seria isso a denominada Relíquia do Destino, ou será que é sobre algum objeto já apresentado em outro momento? Que objetos poderiam se encaixar nesta descrição? Apenas duas relíquias em sua vida podem ter alcançado a afirmação presente no trailer, até onde sabemos. E é sobre elas que vamos falar.
A CRUZ DE CORONADO
Quando fazia parte de um grupo de escoteiros, com 12 anos de idade, Indy e um colega descobriram um grupo de saqueadores em uma caverna do deserto de Utah. Eles pareciam homens perigosos, e tinham encontrado algo valioso, que Indy imediatamente reconheceu: a Cruz de Coronado.
Esta relíquia tinha um valor tanto histórico quanto religioso. Além de ser muito antiga acredita-se que contenha um pedaço da cruz usada na crucificação de Jesus Cristo. Era muito comum os primeiros templos cristãos terem objetos religiosos, relíquias, ligadas aos apóstolos ou ao próprio Cristo.
Algumas Igrejas afirmavam possuir ossos dos apostolos, enquanto outras mostravam pequenas lascas da cruz. Essas relíquias davam status para aquela paróquia, e garantiam peregrinações de cristãos em busca de milagres. Alguns críticos da época dizem que havia tantas lascas da cruz que daria para constuir uma caravela.
A relíquia encontrada pelos saqueadores era orinalmente uma cruz de latão menor, do século VII ou VIII, com uma lasca de madeira no centro que se afirmava ser da cruz verdadeira. Esta pequena cruz de latão foi afixada depois, no século XVI, a uma outra mais ornamentada, feita de ouro maciço e pérola, presa a uma corrente de ouro.
O conquistador espanhol Hernando Cortéz teria dado essa cruz para Francisco Vásquez de Coronado, em 1520, quando o enviou em busca das Sete Cidades de Ouro. Mas Coronado perdeu a cruz, sem conseguir alcançar sua busca. Ela ficou perdida até ser encontrada pelos saqueadores em 1912.
Vendo que os saqueadores pretendiam vender a cruz, o jovem escoteiro a roubou, sendo perseguido por eles. Mas não conseguiu fazer o que pretendia, entrega-la a um museu. Os saqueadores tinham laços poderosos, inclusive com o Xerife da cidade, e a recuperaram alegando ser propriedade privada. A cruz foi entregue ao homem conhecido pela alcunha de Chapeu Panamá, com quem ficaria por muito tempo em sua coleção particular.
Indy cresceu com essa derrota em mente, e muitos anos depois conseguiu recupera-la após infiltrando-se em um navio chamado Vasquez do Coronado, o qual pertencia a Chapeu Panamá. Este navio nalfragou na costa portuguesa após uma explosão causada por Indy, que quase viu seu fim também. De volta para Nova York, ele entregou a cruz a Marcus Brody, o qual garantiu que ela teria um lugar de destaque em seu museu.
Indy poderia ter retomado a busca de Coronado? Seria isso o que ele buscou a vida toda? Não existem informações sobre isso na literatura conhecida. Devemos, então, supor que não aconteceu. Que sua busca se encerrou ali, na costa portuguesa, quando ele recuperou a cruz. Isso nos leva à segunda possibilidade.
THE PEACOCK’S EYE
O diamante conhecido como Peacock’s Eye, ou Olho do Pavão, é um diamante de 140 quilates que pertenceu a Alexandre, o Grande. Ele possui aproximadamente 50 mm de comprimento por 24 mm de altura.
Conta-se que Alexandre possuía um valioso diamante montado junto a um segundo em uma estátua de pavão supostamente feita de ouro maciço. A estátua em si não era considerada valiosa, segundo uma pesquisa da KGB, e foi destruída após a morte de Alexandre. Um dos diamantes foi vendido a um imperador indiano que o mandou para ser lapidado. O outro diamante foi roubado e considerado perdido, mas foi posteriormente redescoberto com pistas deixadas sobre seu paradeiro.
Durante o início do século 19, um coronel britânico encontrou o Olho de Pavão em um antigo templo na Índia. Porém ele foi aprisionado pelos monges, os quais não permitiram que o diamante fosse levado. Mesmo assim, o coronel conseguiu contrabandear um mapa para seu filho. Este, contudo, deu pouca atenção ao mapa.
Cerca de cem anos depois, o cabo Rajendra Sing, do Exército Indiano Britânico, possuía um mapa que chegou até ele durante a Primeira Guerra Mundial. Ele concordou em entregá-lo a um soldado alemão chamado Zyke, mas durante a troca Zyke atirou em Sing.
Dois oficiais de inteligência franceses, Tenente Remy Baudouin e Capitão Henry “Indiana” Jones, encarregados de averiguar o ocorrido, conseguiram recuperar o mapa de Zyke. Após o término da guerra, Jones e Baudouin embarcaram em uma busca pelo diamante, que depois seria identificado como o Olho do Pavão. Jones, porém, abandonou a busca, e decidiu voltar para casa para se tornar um arqueólogo. Baudouin optou por continuar procurando o diamante, rompendo sua amizade com Indy.
Em 1935, Indiana Jones recebeu uma carta de um gângster chinês chamado Lao Che, oferecendo o Olho do Pavão como pagamento, em troca de seus serviços. Eles se encontraram em uma boate em Xangai chamada Club Obi Wan, onde Lao tentou envenenar Jones para obter o diamante. Jones entrou em pânico em busca do antídoto e, durante a confusão, o diamante foi perdido em um balde de gelo. Jones escapou dos capangas de Lao Che, deixando o diamante para trás.
Especula-se que René Emile Belloq também estava interessado no diamante, mas morreu em 1936 em um evento sobrenatural testemunhado por Jones. Em 1957, Short Round teria escrito uma carta para ele afirmando ter rastreado o Olho do Pavão até o Havaí, onde estava nas mãos de um grupo nativo na ilha de Niihau. Essa última informação, contudo, não é considerada oficial pelos filmes, ou seja, não deve ser levada em consideração.
O que temos de certo é que Indy nunca recuperou o diamante, sendo esta uma busca que durou toda a sua vida. Não se pode dizer que ele era obcecado pelo diamante, como seu amigo Remy. Mas o diamante pertenceu a Alexandre, responsável por expandir o mundo grego para além de suas fronteiras na antiguidade. E é interessante lembrar que o trailer faz referência a templos e inscrições gregas.
Será que Indy finalmente irá encontrar o Olho do Pavão? Será ele que Indy procurou toda sua vida? Ou poderia ser uma peça que levará ao verdadeiro tesouro buscado por Indy, a Relíquia do Destino? Será que saberemos que fim levou Remy Baudouiné?
Estes mistérios estão prestes a serem solucionados. Ou talvez não, já que tudo isso é um mero exercício de imaginação e especulação.
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