Thor, um deus arrogante, é banido para a Terra e enfrenta desafios para recuperar seus poderes, enquanto Loki ameaça Asgard.
Tempo de Leitura: 8 minutos
“Thor” em poucas palavras …
Thor, o poderoso e arrogante Deus do Trovão, é o herdeiro do trono de Asgard. Mas num ato de impulsividade e imprudência, induzido pelo seu meio irmão Loki, ele desobedece a seu pai, Odin, iniciando um confronto contra os Gigantes de Gelo, inimigos históricos de seu reino. Como punição por sua irresponsabilidade, Odin retira seus poderes, destitui-o de seu martelo mágico, Mjölnir, e o exila na Terra para aprender humildade.
Na Terra, Thor é encontrado por Jane Foster, uma astrofísica dedicada a desvendar mistérios cósmicos, acompanhada de sua equipe, Darcy Lewis e o Dr. Erik Selvig. Perdido em um mundo desconhecido e sem seus poderes divinos, Thor precisa adaptar-se à vida humana enquanto tenta entender as lições impostas por seu pai.
Mas Loki não pretende deixar Thor vivo para retornar a Asgard, e põe em prática o último ato de seu plano para acabar com o Deus do Trovão e tomar o trono. Ele precisaria agora enfrentar seu destino e provar-se digno de segurar mais uma vez sua arma mágica para salvar o lugar e as pessoas que lhe deram um novo motivo para lutar.
Ficha Técnica
“Thor” (2011)
Título Original: Thor
Duração: 114 minutos
Data de Lançamento: 06/05/2011
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Ashley Edward Miller, Zack Stentz, Don Payne
Produção: Kevin Feige
Elenco Principal:
Chris Hemsworth (Thor), Natalie Portman (Jane Foster), Tom Hiddleston (Loki), Idris Elba (Heimdall), Kat Dennings (Darcy Lewis), Stellan Skarsgård (Dr. Erik Selvig), Rene Russo (Frigga), Anthony Hopkins (Odin).
Trilha Sonora: Patrick Doyle
Onde Assistir: Disney +
Análise de “Thor”
Expandindo o Universo Marvel para Outros Reinos
A expectativa criada pelo martelo de Thor no final de “Homem de Ferro 2“ gerou diversas questões entre os fãs, e este filme veio para atender a elas, mostrando que a Marvel tinha realmente grandes planos para seu universo cinematográfico. O filme Thor, dirigido por Kenneth Branagh, apresentou ao público o mundo de Asgard, além de introduzir novos personagens que se tornariam bastante populares, como Loki.
O filme acrescentou, também, pelo menos um conceito que permitiria ao universo Marvel expandido aumentar as possibilidades de sua narrativa: a magia. Tratado dentro de um conceito quase científico, pra não destoar completamente dos demais filmes, os poderes de Thor e dos demais reinos trazem o “fantástico” para a narrativa, mas dentro da definição de Arthur C. Clarke:
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia.”
Este foi o primeiro filme do MCU a explorar reinos além da Terra, mas sem adentrar ainda a ideia de mundos alienígenas. Dentro da perspectiva do “fantástico”, os espectadores são levados para Asgard, um mundo ricamente construído e repleto de elementos mágicos. A direção de Kenneth Branagh trouxe um tom shakespeariano ao longa, refletido no drama familiar entre Thor, seu pai Odin e seu irmão adotivo Loki. Essa dinâmica não apenas adicionou profundidade emocional à narrativa, mas também destacou as complexidades de poder e responsabilidade dentro de Asgard.
Tragédia em Família
Thor (Chris Hemsworth) e Loki (Tom Hiddleston) emergem como dois dos personagens mais importantes do MCU, e o filme de 2011 foi essencial para estabelecer suas jornadas. Thor inicia o filme como um guerreiro arrogante, ansioso por glória e poder. Seu exílio na Terra não apenas o humaniza, mas também o ensina a verdadeira natureza da liderança e do sacrifício, transformando-o em um herói digno de empunhar Mjölnir.
Por outro lado, Loki surge como um dos vilões mais complexos do MCU. Sua motivação vai além da mera ambição: ele busca afirmação, identidade e aceitação. A revelação de sua origem como filho dos Gigantes de Gelo é um ponto de virada crucial, gerando uma crise existencial que molda suas ações não apenas em Thor, mas também nos futuros filmes, como Os Vingadores (2012). Tom Hiddleston entrega uma atuação que combina carisma, tragédia e astúcia, consolidando Loki como um dos antagonistas favoritos dos fãs.
Um dos pontos mais importantes do filme foi a introdução do martelo Mjölnir e sua associação com a dignidade e o heroísmo. A cena pós-créditos, com a aparição do Tesseract – o Cubo Cósmico – e a presença de Nick Fury (Samuel L. Jackson), reforçou os laços entre Thor e os eventos que culminariam em Os Vingadores. Além disso, o filme também apresentou o agente Coulson (Clark Gregg) e expandiu o papel da S.H.I.E.L.D.. Isso ajudou a consolidar a ideia de que os filmes individuais dos heróis não eram narrativas isoladas, mas parte de um grande mosaico interligado.
Quem for Digno terá o Poder de Thor
Mas o mérito do filme não foi apenas apresentar os conceitos de magia e tecnologia de uma maneira aceitável. O tema central do filme, redenção e sacrifício, é também um conceito que permeará todas as produções da Marvel. Neste ponto, é importante lembrar que o personagem Thor é baseado no Deus Nórdico do Trovão, e que a cultura que o adorava também honrava guerreiros sanguinários como os Vikings, e considerava a honra máxima morrer em batalha.
Por este conceito, Thor já é um poderoso e digno herói desde o início do filme, e embora sua punição por trair a confiança do pai, Odin, seja legítima, o castigo que ele impõe ao filho é bastante questionável dentro da lógica da mitologia nórdica.
Assim como em outras mitologias, como a grega e a romana, o que define um personagem como herói na mitologia nórdica é sua coragem e capacidade de efetuar grandes feitos, mesmo tendo um detalhe que o impede de ser tão poderoso como um deus. Este detalhe, ou fraqueza, existe para aproximar o personagem dos seus adoradores, o torna mais humano, senão seria impossível imitá-lo.
Mas Thor já é um deus, então pra humanizá-lo é necessário implantar uma fraqueza que o torne próximo da humanidade. Odin então define que ele só poderia empunhar novamente o Mjölnir se provasse ser digno. Este conceito foi extraído diretamente dos quadrinhos, sendo plenamente fiel à concepção de Stan Lee e Jack Kirby. Mas o que é ser digno?
Para um nórdico poderia significar ser um grande guerreiro, ou ser capaz de defender sua terra contra invasores, mas isso Thor já é desde o início do filme. O conceito de dignidade que o roteiro traz é outro, e tem a ver com sacrifício. Sacrificar-se significa colocar a vida dos outros como mais relevante que a sua, o que pode ser compreendido dentro do filme como uma característica necessária a um rei. Mas não se pode esquecer que este roteiro está sendo produzido dentro de uma sociedade judaico-cristã, e o conceito de sacrifício assume um caráter central dentro da formação do cristianismo.
Dentro da concepção filosófica de heroísmo do cristianismo, o maior ato de heroísmo não seria matar muitos inimigos em uma batalha, mas de se sacrificar em favor de muitos, seguindo o exemplo de Jesus em seu martírio na cruz. O herói grego é substituído pelo santo dentro deste novo conceito, e uma nova figura heroica passa a ser almejada. Os santos obtém sua dignidade pelo seu sacrifício, por sua imitação de Cristo, e é isso que lhes confere a dignidade de serem considerados “heróis da fé”.
É essa a dignidade que se espera de um herói ocidental, a do auto sacrifício em favor da vida de uma maioria. Ao se sacrificar por humanos, Thor se torna digno de invocar o seu poder e se torna de fato um herói. A jornada para tornar-se digno mostra o que o universo Marvel define como heroísmo, e é este conceito que continuará a ser explorado em todos os filmes do MCU, sendo bastante (com perdão do trocadilho) “martelado” nesta primeira fase dos filmes.
O filme “Thor” funciona, assim, não apenas como uma trama centrada em si, mas como um instrumento para estabelecer as regras com as quais os roteiristas teriam de trabalhar dali pra frente. Se os filmes do Homem de Ferro trouxeram o tom divertido e tecnológico, e o do Hulk a dramaticidade, “Thor” acrescentou magia, heroísmo e sacrifício à receita. Sendo o quarto filme desta primeira fase, ele também funciona como ato do meio de uma narrativa que caminha para o clímax. Mas um personagem ainda faltava para completar essa história, e a pista final (o cubo cósmico) vem na cena pós-créditos, logo após o letreiro anunciar que Thor retornaria no filme “The Avengers“.
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