Avançar para o conteúdo

Voo 571 – A incrível história do filme “A Sociedade da Neve”

Em outubro de 1972, os Andes testemunharam uma tragédia que se transformaria em uma incrível história de resistência humana. O voo 571 da Força Aérea Uruguaia, transportando 45 pessoas, incluindo membros de um time de rugby e seus familiares, colidiu contra as montanhas, desencadeando uma luta desesperada pela sobrevivência.

O ACIDENTE E OS PRIMEIROS DIAS

Após a queda do avião, os sobreviventes se viram em uma paisagem inóspita, a mais de 4.000 metros de altitude, cercada por montanhas cobertas de neve. A situação era precária, e as baixas temperaturas e a escassez de recursos tornavam a sobrevivência uma tarefa hercúlea. A neve, que antes era apenas um elemento pitoresco da paisagem, tornou-se o cenário de uma epopeia angustiante.

Os tripulantes do voo 571 tiveram que lidar com a escassez de alimentos e condições climáticas extremas. Inicialmente, muitos acreditavam que a zona campestre chilena estava próxima, e alguns sobreviventes tentaram escalar as montanhas em busca de ajuda. No entanto, o avião estava, na verdade, na Argentina, a 18 quilômetros do abandonado Hotel Termas Sosneado.

DECISÕES DIFÍCEIS

Com a realidade da situação tornando-se evidente, os sobreviventes enfrentaram decisões dolorosas. Um grupo de expedicionários foi escolhido para buscar ajuda, recebendo maiores porções de alimentos, roupas mais quentes e sendo dispensado do trabalho árduo diário. A espera pela chegada da primavera, para enfrentar temperaturas mais amenas, foi crucial.

Liderados por Nando Parrado e Roberto Canessa, os expedicionários enfrentaram desafios, incluindo a descoberta da cauda do avião praticamente intacta. Apesar das tentativas iniciais de escalar as montanhas a oeste, logo perceberam que era uma tarefa impossível devido a diversos fatores, incluindo a doença de altitude e a desnutrição.

Com a necessidade urgente de enfrentar as noites geladas, os sobreviventes conceberam uma ideia engenhosa. Utilizando o isolamento acolchoado da cauda do avião, costuraram patches juntos para criar um grande colcha quente. Dessa forma, surgiu o saco de dormir improvisado, um elemento vital para resistir às temperaturas congelantes das noites.

A BUSCA POR AJUDA

Finalmente, em 12 de dezembro de 1972, Parrado, Canessa e Vizintín iniciaram a jornada até as montanhas. Enfrentando dificuldades como a escassez de oxigênio e condições adversas, os três perseveraram. Parrado liderou a expedição, alcançando o topo da montanha antes dos outros dois. No terceiro dia, visualizaram o vale estreito, encontrando o leito do Rio Azufre.

Seguiram o rio e, após nove dias de caminhada, avistaram sinais da presença humana. As primeiras vacas eram um sinal de que estavam se aproximando da civilização. O encontro com Sergio Catalan, um chileno Huaso, marcou o momento crucial. Catalan trouxe pães e, ao comunicar a situação, trouxe esperança aos sobreviventes.

O RESGATE

Catalan empreendeu uma jornada em busca de ajuda, alcançando finalmente a estação de polícia em Puente Negro. A notícia se espalhou, e uma expedição de resgate foi enviada. Helicópteros voaram para o local, mas a complexidade das condições climáticas tornou difícil a operação de resgate. Na tarde de 22 de dezembro de 1972, dois helicópteros chegaram, resgatando metade dos sobreviventes do voo 571.

Entretanto, o resgate completo só ocorreu no dia seguinte, quando outro grupo de helicópteros chegou ao amanhecer de 23 de dezembro. Todos os sobreviventes foram levados para hospitais em Santiago para tratamento de doença de altitude, desidratação, queimaduras, geladuras, ossos quebrados, escorbuto e desnutrição.

MEMÓRIA PERMANENTE: O MUSEU DOS ANDES


A história do voo 571 e a incrível saga de sobrevivência são eternizadas no Museu Andes 1972, localizado em Montevideu, Uruguai. Este museu presta homenagem às 29 vítimas do acidente e destaca os 16 sobreviventes que enfrentaram 72 dias de adversidades. Além disso, reconhece aqueles que arriscaram suas vidas para salvar seus colegas.

Ao visitar o museu, os visitantes mergulham nas memórias da tragédia e celebram os valores fundamentais que emergiram dessa história única: trabalho em equipe, solidariedade e amizade. A visita contribui para a preservação desses valores, assegurando que sejam transmitidos às futuras gerações.

A epopeia dos sobreviventes dos Andes continua a ecoar como uma extraordinária narrativa de resistência e humanidade. O filme “A Sociedade da Neve” capta, de maneira emocionante, os desafios enfrentados pelos sobreviventes, desde o impacto inicial do acidente até a luta pela sobrevivência nas condições mais adversas.

Ao narrar fatos históricos com respeito à realidade, o filme e a história real convergem para inspirar reflexão sobre os extremos que a humanidade pode suportar. O Museu Andes 1972, por sua vez, perpetua a memória daqueles que viveram esse drama, garantindo que suas experiências sejam lembradas e honradas ao longo do tempo.

Veja mais fatos históricos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *