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Dança com Lobos (1990)

Dança com Lobos – Uma releitura revolucionária da imagem dos indígenas americanos

Tempo de Leitura: 6 minutos

Dança com Lobos” em poucas palavras …

Território de Dakota, 1863. Durante a Guerra Civil Americana o tenente John Dunbar, do exército da União, recebe a oportunidade de escolher seu destino após um ato heroico no campo de batalha. Dunbar opta por ser transferido para um posto remoto na fronteira, onde espera encontrar paz e isolamento.

Ao chegar ao Forte Sedgewick, Dunbar descobre que o local está abandonado e em ruínas. Determinado a manter sua missão, ele restaura o forte e se adapta à vida solitária na vastidão das pradarias. Durante esse período, ele começa a observar e interagir com os povos indígenas locais, principalmente os sioux, e também estabelece um vínculo curioso com um lobo que passa a frequentar os arredores do forte, a quem ele chama de “Duas Meias“.

Com o tempo, Dunbar conquista a confiança dos sioux, especialmente de De Pé com o Punho e Vento no Cabelo. Ele aprende sua língua, seus costumes e forma uma profunda amizade com eles. Dunbar também se apaixona por Stands With A Fist, uma mulher branca criada pelos sioux após ser resgatada quando criança. Eventualmente, ele é aceito como membro da tribo, recebendo o nome “Dança com Lobos”.

No entanto, sua nova vida é ameaçada quando soldados americanos descobrem sua localização. Considerado um desertor por sua aliança com os sioux, Dunbar é capturado, mas é resgatado pela tribo. Apesar da vitória momentânea, Dunbar percebe que sua presença coloca os sioux em perigo, já que o exército está determinado a expandir para o território indígena.

No final, Dunbar decide partir com Stands With A Fist para proteger seus amigos sioux de represálias. O filme termina com uma nota de melancolia, refletindo sobre a iminente destruição do modo de vida indígena com a chegada dos colonizadores.


Análise de “Dança com Lobos”

Uma Releitura da Imagem dos Indígenas Americanos

Lançado em 1990, Dança com Lobos é um marco tanto na história do cinema quanto na representação das culturas indígenas na mídia. Dirigido e estrelado por Kevin Costner, o filme é baseado no romance homônimo de Michael Blake e se destaca por sua abordagem sensível e autêntica ao retratar o contato entre um soldado americano e uma tribo sioux em meados do século XIX. A produção foi um grande desafio para Costner, que assumiu riscos financeiros e artísticos ao investir em um projeto de grande escala, falado em parte no idioma lakota, com longas cenas em ambientes naturais e um ritmo mais contemplativo do que o habitual em filmes de faroeste.

O filme se passa em 1863, durante a Guerra Civil Americana, e segue a história do tenente John Dunbar, que, após um ato heroico no campo de batalha, é enviado a um posto militar remoto no território de Dakota. Sozinho em um forte abandonado, Dunbar entra em contato com uma tribo sioux, desenvolvendo uma relação de amizade e compreensão mútua. Ele aprende sua língua e cultura, apaixona-se por uma mulher da tribo e eventualmente é aceito como membro do grupo, recebendo o nome “Dança com Lobos”. O filme aborda com profundidade os impactos da colonização, o choque cultural e a iminente destruição do modo de vida indígena pela expansão dos colonizadores americanos.

A produção foi ambiciosa em muitos aspectos. Filmado em locações no interior dos Estados Unidos, o projeto envolveu a recriação detalhada de aldeias sioux e a utilização extensiva do idioma lakota, algo inédito em Hollywood na época. O envolvimento de consultores culturais e a preocupação em retratar os sioux com dignidade e respeito foram diferencias importantes. Além disso, a trilha sonora de John Barry e a cinematografia de Dean Semler capturam a vastidão das paisagens da pradaria, acrescentando um tom poético à narrativa.

Historicamente, Dança com Lobos se destaca por subverter a imagem tradicional dos povos indígenas em filmes de faroeste. Durante décadas, o gênero western retratou os nativos americanos de forma estereotipada, frequentemente como vilões cruéis ou como obstáculos para o progresso e a civilização branca. Filmes como No Tempo das Diligências (1939), de John Ford, consolidaram essa visão, mostrando os indígenas como ameaças violentas e sem individualidade. Mesmo produções mais simpáticas, como Flechas de Fogo (1950), abordavam os povos nativos de maneira limitada, muitas vezes enfatizando o conflito e o exotismo em vez de uma compreensão mais profunda de suas culturas.

Essa tendência começou a mudar gradualmente na década de 1950, com filmes como O Grande Combate (1956), também de John Ford, que tentou humanizar os indígenas ao explorar o impacto da violência colonial. Ainda assim, raramente os westerns apresentavam os povos nativos como protagonistas de suas próprias histórias. Dança com Lobos rompe com essa tradição ao colocar os sioux no centro da narrativa e ao mostrar sua cultura e perspectiva através dos olhos de Dunbar, que passa de um observador externo a um membro integrado da tribo.

O filme também dialoga com outras produções que buscaram revisitar o gênero. Por exemplo, Pequeno Grande Homem (1970), estrelado por Dustin Hoffman, também apresenta uma visão mais simpática dos povos indígenas, mas com um tom mais cínico e satírico. Já O Homem Chamado Cavalo (1970) explorou a imersão de um homem branco na cultura indígena, mas de forma menos profunda e mais focada nos rituais do que na dinâmica social ou histórica. Dança com Lobos, ao contrário, constrói uma narrativa mais equilibrada, celebrando a riqueza cultural dos sioux e denunciando os horrores da colonização.

A recepção ao filme foi amplamente positiva, tanto pela crítica quanto pelo público. Ele foi um sucesso de bilheteria e recebeu 12 indicações ao Oscar, vencendo em sete categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor para Kevin Costner. Além disso, foi elogiado por lideranças indígenas e grupos culturais pela representação respeitosa dos sioux. No entanto, o filme também enfrentou críticas, com alguns argumentando que ele ainda perpetua a narrativa do “salvador branco”, ao colocar um homem branco como mediador e herói da história.

O impacto de Dança com Lobos vai além de seu sucesso comercial e crítico. Ele abriu caminho para produções que buscaram abordar a história americana de forma mais inclusiva e crítica. Filmes posteriores, como O Novo Mundo (2005), de Terrence Malick, e séries de TV como 1883, beberam dessa fonte ao explorar as relações entre colonizadores e povos indígenas com maior profundidade.

Ao revisitar um gênero tão associado à mitologia da expansão americana, Dança com Lobos desafia o público a repensar a história oficial e a valorizar as culturas que foram marginalizadas por ela. Sua contribuição às artes e às discussões históricas continua relevante, tornando-o um dos filmes mais significativos do final do século XX.

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