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O Falcão foi o 1o Super Herói Negro?

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O Falcão, um dos personagens mais importantes dos quadrinhos, é também um ícone na luta contra o racismo. Mas teria sido ele o primeiro super herói negro? Conheça outros personagens que também fizeram parte dessa história.

Tempo de Leitura: 7 min

O Falcão em “Capitão América – Admirável Mundo Novo”

Esta semana, Sam Wilson finalmente estreia nos cinemas em “Capitão América – Admirável Mundo Novo”. Para quem acompanha os quadrinhos da Marvel, essa jornada de Sam não é novidade, mas para muitos que o conheceram através dos filmes, essa é uma mudança histórica.

Sam Wilson é um dos mais importantes super-heróis negros da cultura pop, mas antes dele, outros personagens pavimentaram o caminho para que heróis como o Falcão e o Pantera Negra tivessem seu espaço. Vamos voltar um pouco no tempo e entender essa trajetória.

Os Primeiros Super-Heróis Negros

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Embora o Pantera Negra seja frequentemente citado como o primeiro super-herói negro dos quadrinhos mainstream, a história começa um pouco antes. Em 1947, a All-Negro Comics, uma editora independente criada pelo jornalista Orrin C. Evans, lançou Lion Man. Ele era um cientista afro-americano treinado para proteger um suprimento de urânio na África contra exploradores gananciosos. O personagem tinha uma proposta inovadora, mas a revista não conseguiu continuar devido às barreiras raciais da indústria de quadrinhos da época.

Lion Man

Orrin Cromwell Evans foi um jornalista e pioneiro na luta contra o racismo na mídia. Ele se tornou o primeiro repórter negro a trabalhar em um jornal de grande circulação nos Estados Unidos e, ao fundar a All-Negro Comics, buscou oferecer representação positiva para personagens negros em um mercado dominado por estereótipos raciais. Sua iniciativa abriu portas para futuras publicações com protagonistas negros e ajudou a pavimentar o caminho para a inclusão da diversidade nos quadrinhos.

Falcão - Orrin C. Evans
Orrin Cromwell Evans, jornalista criador do primeiro super herói negro dos quadrinhos

Foi só na década de 1960 que um super-herói negro apareceu em uma grande editora. A Marvel apresentou Pantera Negra em “Fantastic Four #52” (1966), criado por Stan Lee e Jack Kirby. Diferente dos estereótipos da época, T’Challa era um rei africano, altamente inteligente e um dos personagens mais ricos do universo Marvel. Sua chegada foi revolucionária, mostrando um herói negro em posição de destaque, sem ser um ajudante ou coadjuvante.

O Surgimento do Falcão

Enquanto o Pantera Negra brilhava como o primeiro super-herói negro mainstream, foi apenas em 1969 que surgiu um personagem afro-americano que atuava dentro dos Estados Unidos e lutava por justiça ao lado de um dos heróis mais populares: o Capitão América.

Primeira aparição do Falcão
Primeira aparição do Falcão

Sam Wilson apareceu pela primeira vez em Captain America #117, criado por Stan Lee e Gene Colan. No início, ele era um assistente social do Harlem, comprometido em ajudar jovens a fugir da criminalidade. Diferente de outros heróis, Sam não tinha superpoderes — sua habilidade vinha de suas asas tecnológicas, que o permitiam voar, e de sua conexão telepática com seu falcão, Asa Vermelha.

O diferencial de Sam Wilson era sua postura como um homem comum que escolheu ser um herói para defender sua comunidade. Em um tempo em que os quadrinhos ainda estavam lidando com questões raciais de forma tímida, Sam Wilson se tornou um ícone.

Na década de 1970, seu nome passou a dividir o título das revistas com Steve Rogers, transformando-se em “Captain America and The Falcon”, algo inédito para um herói negro.

Outros Heróis Negros que Deixaram Sua Marca

Nos anos seguintes, outros super-heróis negros ganharam espaço nas grandes editoras. A Marvel lançou Luke Cage, o primeiro herói negro a ter uma série solo em 1972. Luke representava a força e a resistência do povo negro, com uma história inspirada nos filmes de blaxploitation da época.

Na DC Comics, o primeiro Lanterna Verde negro, John Stewart, apareceu em 1971 e se tornou um dos mais importantes heróis da editora, especialmente após o sucesso da animação “Liga da Justiça” nos anos 2000.

Tempestade, apresentada em 1975 nos X-Men, foi a primeira super-heroína negra de grande destaque e chegou a liderar a equipe. Outros nomes como Raio Negro, Ciborgue, Blade e, mais recentemente, Miles Morales, ajudaram a consolidar a presença negra nos quadrinhos e no cinema.

Sam Wilson Como Capitão América

Durante décadas, Sam Wilson permaneceu um herói importante, mas muitas vezes visto como um coadjuvante. Isso mudou em 2014, quando ele assumiu o escudo e o título de Capitão América nos quadrinhos, substituindo Steve Rogers.

Falcão

Essa decisão foi recebida com entusiasmo por parte dos fãs, mas também com críticas de grupos mais conservadores. Sam não apenas carregava o escudo, mas também reformulava o que significava ser o Capitão América, trazendo uma visão mais crítica sobre os problemas sociais dos EUA.

Nos cinemas, a transição aconteceu ao final de Vingadores: Ultimato (2019), quando Steve Rogers passou o escudo para Sam. Agora, com “Capitão América – Admirável Mundo Novo”, o personagem finalmente assume seu papel em um dos filmes mais esperados do ano.

O Impacto dos Super-Heróis Negros

A presença de super-heróis negros nos quadrinhos e no cinema não é apenas uma questão de diversidade, mas também de representação e inspiração. Em um mundo de racismo estrutural como, cada camada que se quebra com a presença de pessoas negras é uma vitória contra a violência que este tipo de prática cria.

Pantera Negra e o Falcão são fortes iconografias nesta luta, mas ainda é pouco. Esperamos que a indústria do cinema abra espaço para que esta presença possa mostrar todo o seu potencial, e aproveite vários outros personagens fantásticos e queridos dentro do universo Marvel.

A Importância da Representatividade

Uma coisa importante que precisa ser falado sobre este conceito é que representatividade não é só sobre colocar um personagem negro, indígena ou asiático num filme ou quadrinho. É sobre dar espaço para que essas vozes contem suas próprias histórias, sem que sejam distorcidas ou reduzidas a estereótipos.

Durante décadas, a indústria do entretenimento foi dominada por um grupo muito específico de pessoas: homens brancos, heterossexuais e de classe média ou alta. Essas pessoas produziam a cultura de massa em geral, fossem elas quadrinhos, filmes ou qualquer outra obra de grande circulação. A indústria cultural pertencia a estes grupos sociais. Isso significa que eles tinham o poder de decidir quais histórias eram contadas, quem podia ser herói e quem ficava nos papéis secundários de alívio cômico, ou como vilões e capangas.

Se você cresce assistindo filmes e lendo histórias onde os protagonistas são sempre brancos, enquanto os personagens negros aparecem apenas como vilões, empregados ou coadjuvantes engraçados, isso tem um impacto na forma como você vê o mundo – e na forma como o mundo vê você. Isso reforça ideias erradas sobre quem pode ser o herói, quem merece ser ouvido e quais culturas têm valor.

Hollywood e as grandes editoras de quadrinhos sempre operaram dentro de um modelo que excluía ativamente certas culturas. Nos primórdios do cinema, por exemplo, era comum que personagens negros fossem interpretados por atores brancos pintados de preto (blackface), reforçando estereótipos racistas. Isso cria uma estrutura que é difícil de romper, mas que quando acontece mostra quanto sentimento represado havia.

Isso pôde ser sentido nos filmes da Marvel com o lançamento de Pantera Negra (2018). O Diretor Ryan Coogler, auxiliado por uma equipe técnica competente, majoritariamente negra, conseguiu trazer para o universo dos super-heróis um mundo que representava de forma magistral traços da cultura africana.

Isso não só gerou identificação entre o público negro, que finalmente se viu representado como heróis, mas também abriu portas para mais filmes e séries que valorizam essas narrativas. Entre eles, “Homem-Aranha no Aranhaverso“, trazendo pela primeira vez o personagem Miles Morales como protagonista, e agora o novo filme do Capitão América, que mostra uma fase importante do personagem nos quadrinhos.

Mas apoiar a diversidade não é apenas um conceito moral. É um ato político de dizer “não” a práticas de racismo como a que vemos todos os dias ao nosso redor. É não aceitar situações como a vivida pelo jogador Vinny Jr. na Europa como normais. E é também nos abrirmos para ouvir o que essas vozes abafadas por tanto tempo têm a dizer, e assim elevar um pouco mais o que entendemos por ser “humano”.

“Capitão América – Admirável Mundo Novo” já está em cartaz nos cinemas desde o dia 13 de fevereiro.

E se você quer lembrar o que foi o Universo Marvel nos Cinemas até agora, acompanhe nossas matérias especiais.

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Sobre o Autor

equipe

Valdiomir Meira é licenciado em História e Letras, com pós-graduação em metodologia de ensino da língua portuguesa, metodologias inovadoras de educação e semiótica. Sua grande paixão é ler, viajar e ensinar. Leitor dedicado de quadrinhos e pesquisador nas áreas de educação e mitologia. Além de outras atuações profissionais, como criação de conteúdo para internet e tutoriais, também é redator e editor de artigos para blogs.

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