O conjunto histórico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizado em Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, foi indicado como candidato a Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Esta inclusão na lista indicativa representa um marco, pois é a primeira vez que um patrimônio da saúde é proposto para tal reconhecimento.
História da FIOCRUZ
O Instituto FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz, é uma instituição brasileira de renome mundial dedicada à pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços na área da saúde pública. Sua história remonta ao final do século XIX, quando o médico Oswaldo Cruz liderou campanhas sanitárias que transformaram o panorama da saúde no Brasil.
No contexto de uma epidemia de febre amarela que assolava o Rio de Janeiro em 1900, o então diretor-geral de Saúde Pública, Oswaldo Cruz, implementou medidas drásticas, como a vacinação obrigatória e o combate aos mosquitos transmissores da doença. Essas ações resultaram na criação do Instituto Soroterápico Federal, em 1900, precursor da FIOCRUZ.
Com o passar dos anos, o instituto ampliou suas atividades, destacando-se não apenas no controle de doenças infecciosas, mas também na produção de vacinas, soros e medicamentos essenciais para a saúde pública brasileira. Em 1908, foi inaugurado o Pavilhão Mourisco, sede histórica da FIOCRUZ, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo do século XX, a FIOCRUZ desempenhou um papel fundamental no combate a diversas doenças endêmicas, como a malária, a tuberculose e a hanseníase. Além disso, contribuiu significativamente para a erradicação da varíola no Brasil, em 1973, por meio de campanhas de vacinação em massa.
Nos últimos anos, o Instituto FIOCRUZ tem sido protagonista em pesquisas de ponta, especialmente no campo da biotecnologia e da genômica, buscando soluções inovadoras para os desafios contemporâneos em saúde pública. Além disso, desempenha um papel crucial no enfrentamento de epidemias, como a epidemia de Zika em 2015 e a pandemia de COVID-19 em 2020.
Relevância atual da FIOCRUZ
Marcos José Pinheiro, diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), ressalta a importância dessa candidatura, destacando-a como uma iniciativa que preenche uma lacuna de reconhecimento pela Unesco no campo da saúde. Ele enfatiza que a recente pandemia evidenciou a relevância e os significados da saúde para a população mundial, tornando essa inclusão na lista indicativa tanto um reconhecimento quanto um desafio empolgante para a instituição.
O conjunto histórico da Fiocruz em Manguinhos é um testemunho da institucionalização da ciência na América Latina, representando um exemplo notável da fusão entre o ecletismo arquitetônico e as tecnologias construtivas modernas do início do século 20. Inicialmente criado para a produção de soros e vacinas contra as epidemias da época, o instituto liderado por Oswaldo Cruz foi pioneiro em sua abordagem, baseando-se na interseção entre a medicina tropical e a microbiologia.
Além da Fiocruz, a Chapada do Araripe, situada nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, também foi incluída na Lista Indicativa da Unesco. Essa região é conhecida por abrigar vestígios geológicos com aproximadamente 180 milhões de anos, bem como registros arqueológicos da presença humana no passado. Ambos os bens culturais precisarão permanecer na lista por um ano antes de qualquer formalização de candidatura oficial ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destaca a importância dessa oportunidade única de compartilhar os patrimônios brasileiros em uma plataforma global, enaltecendo a riqueza e a diversidade cultural do país. Atualmente, o Brasil conta com 23 Patrimônios Mundiais, que englobam tanto bens culturais quanto naturais. Esses patrimônios, definidos pela Convenção de 1972 da Unesco, variam desde edificações históricas até paisagens naturais de grande importância ambiental.
Embora a inclusão na lista indicativa não represente o reconhecimento imediato como Patrimônio Mundial, os bens que já foram reconhecidos partiram dessa fase preliminar. Portanto, tanto o conjunto histórico da Fiocruz em Manguinhos quanto a Chapada do Araripe têm a oportunidade de se juntar aos demais sítios brasileiros já reconhecidos pela Unesco, contribuindo para a preservação e valorização do patrimônio cultural e natural do país.
Fonte: Agência Brasil
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