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Hoje é Dia de Maria (2005)

“Hoje é Dia de Maria” é uma fábula televisiva brasileira que segue a jornada mágica de uma menina através do folclore e tradições culturais do Brasil.

Ficha Técnica

“Hoje é Dia de Maria”

Direção: Luiz Fernando Carvalho

Roteiro: Luiz Fernando Carvalho, Luis Alberto de Abreu e Carlos Alberto Soffredini

Quantidade de Capítulos:

Parte 1: 8 capítulos

Parte 2 (Hoje é Dia de Maria – Segunda Jornada): 7 capítulos

Elenco Principal

Carolina Oliveira como Maria

Letícia Sabatella como Maria adulta

Rodrigo Santoro como Amado Fênix

Daniel de Oliveira como Quirino

Stênio Garcia como Asmodeu

Fernanda Montenegro como Madrasta

Laura Cardoso como Narradora

Osmar Prado como Pai

Gero Camilo como Zé Cangaia

Prêmios Recebidos

Prêmio Qualidade Brasil (2005)

Melhor Minissérie

Melhor Diretor (Luiz Fernando Carvalho)

Melhor Atriz (Carolina Oliveira)

Troféu Imprensa (2006)

Melhor Minissérie

Revelação do Ano (Carolina Oliveira)

Emmy Internacional (2006)

Indicação de Melhor Atriz (Carolina Oliveira)

Prêmio Contigo! de TV (2006)

Melhor Minissérie

Melhor Diretor (Luiz Fernando Carvalho)

Melhor Atriz Infantil (Carolina Oliveira)

Dia de Maria

Resumo

“Hoje é Dia de Maria” é uma minissérie que narra a história de Maria, uma menina que enfrenta a morte da mãe e o abandono pelo pai, partindo em uma jornada repleta de aventuras e descobertas. A narrativa, dividida em duas partes, é construída como uma fábula moderna, incorporando elementos do folclore e da cultura popular brasileira. Ao longo de sua caminhada, Maria encontra personagens encantados e figuras simbólicas que a ajudam a crescer e amadurecer.

Ao defender seu amigo Zé Cangaia do demônio Asmodeu, que desejava adquirir sua sombra, ela confronta o Diabo. Enfurecido, ele rouba a sua infância. Num piscar de olhos, Maria desperta já adulta e encontra o amor de sua vida, um jovem enfeitiçado que se torna pássaro com o primeiro raio de sol. O amor de Maria é desafiado por dois adversários: o Diabo Asmodeu e o artista de rua Quirino, que, movido por paixão e ciúme, aprisiona o seu amado.

A minissérie utiliza uma estética inovadora, com cenários teatrais e uma mistura de efeitos visuais que evocam o imaginário e as tradições do Brasil rural. “Hoje é Dia de Maria” é lembrada por sua riqueza visual, profundidade narrativa e pela maneira como resgata e homenageia o folclore brasileiro, tornando-se um marco na teledramaturgia nacional.

Análise de “Hoje é Dia de Maria”

Uma Jornada pelo Imaginário Brasileiro

Produzida e exibida pela Rede Globo em 2005, “Hoje é Dia de Maria” é uma fábula televisiva que mergulha fundo no imaginário popular e no folclore brasileiro, trazendo uma narrativa rica em simbolismos, tudo isso em uma estética inovadora.

Contexto Histórico da Produção

A minissérie foi ao ar em um período em que a televisão brasileira estava se reinventando, buscando novas formas de contar histórias e de se conectar com o público. Em 2005, a Globo já era conhecida por suas produções de alta qualidade, mas “Hoje é Dia de Maria” representou um salto criativo e estético. Dirigida por Luiz Fernando Carvalho, a produção se destacou pelo uso ousado de cenários teatrais, efeitos visuais e uma narrativa que mesclava elementos de fantasia e realidade, refletindo uma busca por inovação no formato das minisséries.

Enredo e Estrutura Narrativa

A história acompanha a jornada de Maria, uma menina que, após a morte da mãe e o abandono pelo pai, decide deixar sua casa e embarcar em uma aventura pelo mundo. Maria é interpretada por Carolina Oliveira, que, apesar da pouca idade, entrega uma performance memorável. A trama é dividida em duas partes: a primeira, intitulada “A Menina dos Olhos de Oyá”, e a segunda, “O Olho da Terra”.

A narrativa é construída como uma fábula moderna, utilizando elementos do teatro de bonecos, contos de fadas e lendas folclóricas brasileiras. Cada encontro traz um aprendizado, uma lição de vida, que contribui para o crescimento e amadurecimento da protagonista.

Representação do Período Histórico

“Hoje é Dia de Maria” se inspira no Brasil rural do século XIX e início do século XX, evocando um tempo em que as histórias eram passadas dos mais velhos para os mais novos de forma oral. Festas regionais e lendas são uma forma de manter esse conhecimento popular vivo em sua comunidade. Esse período histórico é retratado através da ambientação, figurinos e a própria linguagem utilizada pelos personagens, que remete ao português arcaico e ao linguajar caipira.

dia de maria
Roteiro Completo com as duas jornadas de “Hoje é Dia de Maria”, adaptada por Luis Alberto de Abreu e Luiz Fernando Carvalho

Elementos Culturais e Folclóricos

Um dos aspectos mais fascinantes de “Hoje é Dia de Maria” é como ela incorpora elementos do folclore e da cultura popular brasileira. Desde a iconografia religiosa até as festas populares, a minissérie é um verdadeiro caleidoscópio cultural. Personagens como o Saci, a Iara e o Bumba Meu Boi aparecem na trama, trazendo à tona a riqueza do folclore nacional.

A trilha sonora, composta por Tim Rescala, é outro ponto alto da produção. A música desempenha um papel crucial na narrativa, ajudando a criar a atmosfera mágica e reforçando o tom onírico da história. Canções populares e tradicionais, como “Mulher Rendeira” e “Asa Branca”, são reinterpretadas, contribuindo para situar a trama em um seu contexto cultural, e principalmente criando um elo emocional com a audiência. Para uma população que ainda tem seus avós ou bisavós ligados ao campo, a lembrança destas canções evoca de forma profunda emocionalmente.

Produção e Estética

A minissérie foi inteiramente gravada em estúdio, utilizando uma técnica conhecida como “teatro filmado”. Essa escolha estética permitiu uma liberdade criativa maior na construção dos cenários, que são repletos de cores vibrantes, texturas e elementos surreais. A direção de arte é um dos pontos mais elogiados da minissérie, com cenários que lembram as obras do artista plástico brasileiro Cândido Portinari, famosos por retratar a vida e o imaginário do sertão brasileiro.

Os efeitos especiais, embora simples, são usados de maneira inovadora para criar um mundo encantado. Por exemplo, o céu é pintado à mão e as transições entre as cenas são feitas com recursos que lembram o teatro de sombras e a animação stop-motion. Essa abordagem artesanal confere à minissérie um charme único, destacando-se na produção televisiva da época.

Recepção

“Hoje é Dia de Maria” foi muito bem recebida pela crítica e pelo público. A minissérie recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio Qualidade Brasil e o Troféu Imprensa. A performance de Carolina Oliveira foi especialmente elogiada, e ela se tornou uma das atrizes mais promissoras de sua geração.

A minissérie também é frequentemente citada em estudos acadêmicos sobre televisão e cultura brasileira, sendo considerada um marco na teledramaturgia nacional. A inovação estética e a profundidade narrativa abriram caminho para outras produções que buscaram explorar o imaginário popular e as tradições culturais brasileiras de maneira similar.

Considerações Finais

“Hoje é Dia de Maria” representa um salto de qualidade na produção televisiva por sua coragem de tentar coisas novas. A estética sertaneja e teatral voltaria a ser visitada pela própria rede Globo em muitos outros produtos, mas poucos com tamanha ousadia.

Contribuiu muito para o sucesso a presença de atores consagrados, mas principalmente pelo talento da pequena Carolina Oliveira, pelo qual foi indicada a sete prêmios de melhor atriz, vencendo três. O trabalho serviu para abrir portas a outros artistas criativos com ideias ousadas, que normalmente só encontram espaço em produções teatrais.

O belo trabalho também serviu para dar visibilidade à cultura sertaneja e interiorana do Brasil, mantendo vivas as lendas e o interesse pelo folclore. Sobretudo, é um entretenimento de altíssima qualidade, merecendo ser visto e revisto muitas e muitas vezes.

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