Os Vingadores, a equipe que reúne os Heróis da Marvel, enfrentam Loki para salvar a Terra em uma batalha épica, que esconde muito mais por trás das cortinas de fumaça da SHIELD e um inimigo oculto
Tempo de Leitura: 12 minutos
“Os Vingadores” em poucas palavras …
O mundo enfrenta uma nova ameaça quando Loki, o ambicioso irmão de Thor, rouba o Tesseract, um artefato de imenso poder capaz de abrir portais interdimensionais. Com o objetivo de dominar a Terra, Loki faz uma aliança com os Chitauri, um exército alienígena que ele pretende usar para subjugar a humanidade. Em resposta, Nick Fury, diretor da agência secreta S.H.I.E.L.D., decide formar uma equipe de heróis extraordinários para proteger o planeta.
A iniciativa reúne figuras icônicas: o bilionário gênio Tony Stark (Homem de Ferro), o supersoldado Steve Rogers (Capitão América), o poderoso deus do trovão Thor, o temperamental Bruce Banner (Hulk), além dos habilidosos agentes Natasha Romanoff (Viúva Negra) e Clint Barton (Gavião Arqueiro). No entanto, reunir essas personalidades tão diferentes se mostra uma tarefa desafiadora. Conflitos de ego e desacordos sobre estratégias geram tensões no grupo, dificultando o trabalho em equipe.
Loki aproveita os conflitos internos de cada um e consegue manipular os Vingadores, semeando a discórdia entre eles, criando uma situação desesperadora com consequências trágicas. Sem a equipe planejada por Nick Fury, a Terra tem pouca esperança de sobreviver ao ataque alienígena iminente.
Ficha Técnica
“Os Vingadores” (2012)
Título Original: The Avengers
Duração: 143 min
Data de Lançamento: 11/04/2012
Direção: Joss Whedon
Roteiro: Joss Whedon
Produção: Kevin Feige
Elenco Principal:
Robert Downey Jr. (Tony Stark/Homem de Ferro), Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América), Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk), Chris Hemsworth (Thor), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/Viúva Negra), Jeremy Renner (Clint Barton / Gavião Arqueiro), Tom Hiddleston (Loki), Clark Gregg (Phil Coulson), Cobie Smulders (Maria Hill), Stellan Skarsgård (Dr. Erik Selvig), Samuel L. Jackson (Nick Fury)
Trilha Sonora: Alan Silvestri
Onde Assistir: Disney +
Análise de “Os Vingadores”
O Universo Marvel no Cinema se torna Realidade
O filme Os Vingadores (2012), dirigido por Joss Whedon, é considerado um marco no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Não apenas consolidou o sucesso das produções anteriores do estúdio, como também redefiniu a maneira como franquias de super-heróis poderiam ser desenvolvidas e interligadas no cinema.
Com este quinto filme (seis se contar com O Incrível Hulk) sendo apresentado como um grande episódio de final de temporada, o conceito de universo compartilhado estava definitivamente implantado no cinema.
Mas Whedon, e a Marvel Studios sob a liderança de Kevin Feige, conseguiram fazer de Os Vingadores mais do que um filme burocrático que juntasse todos os heróis em uma grande cena de batalha. A tensão criada entre os personagens e a jornada de herói de cada um deles se cruza num momento catártico.
Essa catarse se intensifica ainda mais pela escolha da cidade de Nova York como palco da batalha final entre a Terra e os invasores alienígenas. Onze anos depois do atentado contra as torre gêmeas, ver a cidade sendo invadida e destruída ainda é uma imagem que gera comoção mesmo para quem não é novaiorquino.
Universo Compartilhado
Antes de Os Vingadores, a ideia de um universo compartilhado já era algo bem conhecido dos fãs da Marvel nos quadrinhos, mas dificilmente alguém acreditava que ele poderia se tornar real nos cinemas. Outros filmes de sucesso que adaptaram quadrinhos sempre trabalharam seus personagens de maneira isolada, como o Superman e o Batman da DC.
Mesmo personagens como os X-Men e o Homem-Aranha, que tiveram filmes de sucesso no início dos anos 2000, não teriam como fazer este encontro entre os heróis por questões de direitos contratuais. Era um plano ambicioso para projetos que envolviam cifras milionárias, principalmente para um estúdio ainda em desenvolvimento, mas os produtores da Marvel sabiam que pra valer a pena precisavam fazer isso dar certo.
A isca foi plantada desde o primeiro filme em 2008, e a resposta entusiasmada dos fãs com a caracterização de Samuel L. Jackson como Nick Fury era o gatilho que a Marvel Studios precisava para seguir em frente.
O estúdio, assim, apostou na criação de um universo interconectado no qual os eventos de diferentes filmes impactassem uns nos outros. O filme do do Homem de Ferro de 2008 deu o ponto de partida para este universo, mas de uma maneira discreta, em uma cena pós-créditos na qual Samuel L. Jackson aparece como Nick Fury, apresenta a informação chave de que existem outros super heróis no mundo, e menciona a “Iniciativa Vingadores”.
Se nada desse certo dali em diante, a Marvel poderia dizer que foi apenas uma brincadeira com os fãs, mas a cena passou a ser comentada nas redes sociais e gerou um fenômeno ritualístico interessante nos cinemas: não sair quando o filme termina, mas esperar o primeiro letreiro passar pra ver a cena extra após os créditos.
Outros filmes como os da franquia X-Men da Fox também tentaram usar este recurso, mas sem uma estratégia mais ampla, o que deixava a cena pós-créditos sem importância. A Marvel Studios teve o mérito de conseguir transformar este momento numa pequena série, com minúsculos capítulos que mostravam como elementos do filme principal se conectavam a uma trama maior que estava sendo desenvolvida.
Com cada personagem principal sendo apresentado em seu próprio filme, com tempo de tela suficiente para gerar uma conexão com o público, o filme principal ficou livre para desenvolver sua própria trama e explorar os elementos que fossem mais importantes para a narrativa.
Apesar desta forma narrativa complexa, a história de Os Vingadores é relativamente simples: Loki, o antagonista, busca dominar a Terra utilizando o Tesseract, uma fonte de energia de imenso poder. Para impedir essa ameaça, Nick Fury convoca uma equipe de super-heróis que, inicialmente, tem dificuldade em trabalhar em conjunto. A narrativa se desenrola de forma a explorar os conflitos de ego e as diferenças ideológicas entre os membros da equipe, como o embate entre o pragmatismo de Tony Stark (Homem de Ferro) e a disciplina militar de Steve Rogers (Capitão América).
Esta trama poderia resultar num filme simplório, mas o talento individual de cada envolvido e uma direção segura de quem sabe o que faz, e é apaixonado pelos personagens, conseguiu extrair deste roteiro cenas memoráveis, fazendo do desenvolvimento dos personagens um dos pontos altos do filme.
A chave do roteiro é justamente permitir que cada personagem tenha seu momento de destaque, sem que nenhum deles pareça excessivamente central ou periférico. Isso permite que os atores brinquem com seus personagens, fazendo uso de seu talento e mostrando que não dependem do CGI pra fazer conflitos verborrágicos no melhor estilo Stan Lee.
Stark exala arrogância, charme e carisma enquanto demonstra todo seu ressentimento contra o recém revivido Steve Rogers, algo que seria aprofundado nos filmes futuros. Chris Evans, o Capitão, tenta mostrar como seu personagem se sente deslocado, ao mesmo tempo que tenta manter seus valores em mundo caótico.
Mark Ruffalo, estreando como Hulk, trás um pouco da atuação de Eric Bana e de Edward Norton, ao mesmo tempo que incorpora um certo humor ao gigante esmeralda. A cena hilária em que o Hulk enfrenta Loki no clímax do filme é uma das mais lembradas de todos os tempos. Chris Hemsworth retorna ao papel de Thor, agora mais seguro do seu papel e num duelo certeiro de interpretação com seu meio irmão Loki, interpretado da maneira mais vilanesca possível por Tom Hiddleston.
Além destes personagens que já estavam bem apresentados ao público, Scarlett Johansson (Viúva Negra) e Jeremy Renner (Gavião Arqueiro) tem a chance de mostrar a integração entre seus personagens, ambos super espiões, deixando claro que existia muito mais histórias pra contar além do que era possível contar em seus poucos minutos de tela.
Neste lado mais “humano” do elenco, Samuel L. Jackson trás para Nick Fury toda a frieza e sortilégios que são a essência do personagem nos quadrinhos. Mesmo personagens criados para o cinema como Phil Coulson (Clark Gregg) conseguem ter seu momento de brilho, deixando um desejo de querer saber mais sobre seu passado.
Os arcos heroicos de todos os personagens foram aprofundados, colocando cada um deles num momento final da jornada heroica. Seguindo a cartilha de Joseph Campbell, que muito tempo atrás já havia inspirado George Lucas a criar Star Wars, Os Vingadores localizam seus personagens num momento de batalha final desde o início. Ao mesmo tempo retoma conceitos já estabelecidos nos outros filmes, em particular a noção de sacrifício.
Steve Rogers sabia bem que sua missão poderia pedir sua vida, e já teve sua chance de provar que estava disposto ao sacrifício final se fosse necessário pra salvar vidas. Mas ele questiona se Stark teria a mesma disposição, sem saber que ele próprio também se fazia essa pergunta. E a resposta viria ao final do filme, dando um ápice à jornada do herói do Homem de Ferro. A predisposição ao sacrifício, como aprendemos no filme do Thor, era o que definia o personagem como digno.
Fechando o filme, não poderia faltar uma cena pós-créditos para manter vivo o ritual dos fãs. E essa cena teve o incrível mérito de conseguir repetir o efeito da primeira apresentada em 2008, elevando ainda mais a expectativa do público. O ator Josh Brolin, com muita computação gráfica envolvida, mostra que o verdadeiro vilão por trás da invasão à terra era ninguém menos que Thanos, um dos maiores vilões dos quadrinhos da Marvel. Para os fãs, era uma mensagem: o universo Marvel nos cinemas não para aqui.
A presença do vilão indicava que a ambição do estúdio era ir até onde nenhum filme de super herói jamais esteve. Havia ali a promessa de personagens como Capitão Marvel, Adam Warlock, o Colecionador, Krees e Skruls, e muito mais. A Marvel estava estabelecendo as bases para os eventos futuros que culminariam em Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019).
Pra fechar esse case de sucesso, é preciso falar sobre a incrível trilha sonora e os efeitos especiais utilizados em Os Vingadores. O compositor Alan Silvestri já havia trabalhado para a Marvel no filme Capitão América: O Primeiro Vingador, criando o tema de Steve Rogers. Mas aqui seu desafio era muito maior.
Além de apresentar pequenas composições ou escolhas de músicas que caracterizassem a presença de cada personagem em cena, com um tom mais clássico e antiquado para Rogers e um Metal para Tony Stark, ele precisava de um tema para o que ele chamou de a “entidade” Vingadores. E o tema criado por ele para representar a equipe se tornou um dos mais icônicos da história do cinema, tão lembrado pelos fãs quanto os clássicos de John Willians (Indiana Jones, Superman, Star Wars, ET, etc).
Os efeitos especiais utilizados no filme mostraram como essa técnica/arte evoluiu nas últimas décadas, ficando muito além dos atores recortados sobre fundos falsos usados em filmes como Superman (1979). A integração entre o que é real e o que é colocado durante a edição por computação gráfica é tão perfeita que torna quase impossível perceber que toda a batalha de Nova York foi na verdade gravada em um estúdio. Além da clássica tela verde, os efeitos de captura de movimento são uma das grandes estrelas do filme, que seria impossível de ser feito alguns anos antes.
Para criar cenas fantásticas como a Batalha de Nova York contribuíram profissionais de estúdios renomados como a ILM (Industrial Light & Magic) de George Lucas (Star Wars) e a neozelandense Weta Digital de Peter Jackson, que desde Golum da trilogia Senhor dos Anéis se tornou especialista em captura de movimento para animações, e foi responsável por tornar real personagens como o Hulk, os Chitauri, Thanos e a armadura do Homem de Ferro. Também estiveram envolvidos a Scanline VFX, especializada em cenas de explosão e Framestore com seus efeitos de alta precisão.
Com todos estes elementos coordenados pelas mãos de quem é apaixonado por quadrinhos, o sucesso comercial de Os Vingadores foi estrondoso. O filme obteve uma bilheteria global de mais de US$ 1,5 bilhão, e tornou-se, na época, o terceiro filme de maior bilheteria de todos os tempos. Esse resultado provou que a estratégia de universo compartilhado da Marvel não apenas funcionava, mas também podia redefinir o padrão para o gênero de super-heróis.
Culturalmente, o filme popularizou ainda mais personagens como Homem de Ferro e Capitão América, tornando-os nomes conhecidos mesmo entre pessoas que nunca haviam lido os quadrinhos. A interação entre os heróis também inspirou diversas outras franquias a tentarem criar seus próprios universos compartilhados, como o Universo Estendido da DC (DCEU) e o “Dark Universe” da Universal, embora nem todos tenham obtido o mesmo sucesso.
Os Vingadores estabeleceu o padrão para os filmes seguintes do MCU, mostrando que o público estava disposto a acompanhar narrativas interligadas e de longa duração. Além disso, consolidou a estrutura de fases do universo Marvel. A “Fase 1” culminou com este filme, enquanto a “Fase 2” deu continuidade ao desenvolvimento dos personagens e à expansão do universo.
Outro impacto significativo foi a introdução de elementos cósmicos, como o Tesseract e Thanos, que prepararam o terreno para histórias mais ambiciosas envolvendo outros planetas, espaço e mitologia alienígena. Isso permitiu a existência de filmes como Guardiões da Galáxia (2014) e Doutor Estranho (2016), que expandiram ainda mais o escopo do MCU.
O filme Os Vingadores mudou o panorama da indústria cinematográfica, mostrando que é possível equilibrar múltiplos protagonistas em uma narrativa coesa, criar cenas de ação memoráveis e ainda manter um forte apelo emocional. Além disso, consolidou a Marvel Studios como uma das maiores potências de Hollywood, pavimentando o caminho para o sucesso de dezenas de outros filmes no MCU.
Ao unir narrativa, personagens cativantes e inovação visual, Os Vingadores transformou-se em um marco cultural que continua a influenciar a produção de filmes de super-heróis e franquias compartilhadas até os dias de hoje. Sua importância para o MCU é inegável, e seu legado permanece forte mais de uma década após seu lançamento.
Veja mais sobre filmes do Universo Marvel.
Compartilhe e Siga-nos nas Redes Sociais