O livro “Quarto de Despejo“, baseado nas memórias da catadora de papel Carolina Maria de Jesus, terá uma nova versão em quadrinhos neste ano para celebrar os 110 anos da autora. A ideia surgiu durante a edição comemorativa dos 60 anos da obra, em 2020. A adaptação para HQ, liderada por ilustradoras negras, busca alcançar um público mais jovem, a partir do sexto ou sétimo ano do ensino fundamental. O lançamento ainda não tem data definida, mas o livro já está disponível para venda online e em algumas livrarias.
A versão em quadrinhos foi realizada por quatro artistas negras: a roteirista Triscila Oliveira, a ilustradora Vanessa Ferreira e as arte-finalistas Hely de Brito e Emanuelly Araujo. Com 90 páginas ilustradas, o processo foi concluído em sete meses, muito mais rápido do que o usual. As artistas destacam a importância de trazer representatividade para a obra de Carolina Maria de Jesus, conhecida por relatar sua vida em uma favela de São Paulo.
A Autora e o livro Quarto de Despejo
Carolina Maria de Jesus, nascida em 1914 em Minas Gerais, mudou-se para São Paulo em 1937, trabalhou como empregada doméstica e viveu na favela do Canindé a partir de 1948, onde catava papel para subsistência. “Quarto de Despejo” é o diário que retrata sua vida na favela, destacando o sofrimento, a angústia e a rotina de fome.
Publicado em 1960, o diário narra a dura realidade vivida por Carolina e seus filhos na favela do Canindé, em São Paulo, entre 1955 e 1960. A obra revela a luta diária pela sobrevivência, a fome constante e as adversidades enfrentadas por aqueles que habitavam a comunidade desocupada para a construção da Marginal Tietê. Carolina utiliza uma linguagem objetiva e ao mesmo tempo culta em sua narrativa, quase jornalística. O livro, traduzido para mais de 13 idiomas, permanece como um testemunho poderoso e atemporal da condição humana e da luta contra a desigualdade social.
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