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Missão Impossível 4 – Protocolo Fantasma – Um novo começo para a série

Ethan Hunt é acusado de terrorismo e age nas sombras para impedir uma guerra nuclear — ação, suspense e reviravoltas em Missão: Impossível 4 – Protocolo Fantasma

Tempo de Leitura: 7 minutos

Missão Impossível 4 – Protocolo Fantasma” em poucas palavras

Uma equipe da IMF (Força Missão Impossível) realiza uma operação de interceptação de uma maleta misteriosa, mas algo dá errado e o agente é baleado, perdendo a maleta pra uma assassina misteriosa.

Enquanto isso, o agente Ethan Hunt está preso em uma penitenciária russa, alheio aos acontecimentos – pelo menos por enquanto. Ele é resgatado da prisão por uma equipe liderada por Benji Dunn, agora um agente de campo.

Com a equipe reunida, a verdadeira missão tem início: penetrar no Kremlin, e impedir o roubo de códigos nucleares. Mas eles são vítimas de uma armadilha: o prédio é destruído por uma explosão, e Ethan é responsabilizado. O governo então ativa o “Protocolo Fantasma”, desautorizando oficialmente a IMF e deixando seus agentes por conta própria.

Mas com uma ação terrorista envolvendo ogivas nucleares, eles sabiam que não tinham escolha. Ethan forma uma nova equipe com Benji, a agente Jane Carter e o misterioso William Brandt, um analista que parece saber mais do que revela.

Eles precisam deter Kurt Hendricks, um estrategista sueco que acredita que a humanidade só evoluirá após uma guerra nuclear. Hendricks rouba os códigos de lançamento e planeja iniciar um ataque entre os EUA e a Rússia. A perseguição aos terroristas levará a equipe a situações complicadas em Dubai e na Índia, onde cada passo em falso é fatal.


Análise de “Missão Impossível 4 – Protocolo Fantasma”

Em Protocolo Fantasma, Tom Cruise retorna como Ethan Hunt, cinco anos após o encerramento da trilogia. Esta sequência pode ser considerada um intermediário entre os primeiros filmes e o que viria a seguir. Marcado por experimentações, o filme traz de volta o personagem Benji (Simon Pegg), introduzindo o humor como uma característica importante da franquia dali em diante.

Num clássico movimento de “levanta e corta”, Benji cria situações cômicas que são encerradas com precisão por Cruise, demonstrando um ótimo timing de comédia. Cruise, que já havia parodiado seus próprios filmes em Encontro Explosivo (com Cameron Diaz), parece muito mais à vontade em seu papel. Ethan Hunt continua ousado e habilidoso como sempre, revelando até mesmo memória fotográfica e a capacidade de fazer desenhos técnicos de perfil. Um verdadeiro prodígio! Mas o grande diferencial do personagem em Protocolo Fantasma é sua capacidade de demonstrar fragilidade — e essa é, talvez, a principal contribuição de Brad Bird e Cruise para a série.

Hunt continua realizando acrobacias mirabolantes, perseguindo terroristas em tempestades de areia e enfrentando toda sorte de situações impossíveis. Mas, dessa vez, é possível ver em suas expressões a dúvida, o medo — a incerteza de que tudo acabará bem. Comparado a outras figuras do cinema de espionagem, Hunt não parece infalível como James Bond (embora seja) e tampouco é frio e sério como Jason Bourne. Isso dá à série Missão: Impossível um tom menos realista e mais divertido, apostando em um padrão de fanfarra que Bond abandonou com Cassino Royale e que Bourne raramente utilizou.

Ao contrário do que a moda do realismo poderia sugerir, essa consciência da própria falibilidade traz uma camada bem-vinda de humanidade ao personagem, e gera ótimas cenas cômicas, especialmente quando contrapostas à visão heroica que Benji tem dele. Acostumado a ver Hunt fazer qualquer coisa e a admirá-lo por isso — inclusive com um certo prazer em vê-lo sair de situações impossíveis com algum truque físico miraculoso —, Benji não hesita em sugerir que ele escale o prédio mais alto do mundo com apenas uma luva de pressão. A expressão de Hunt, para completar a cena, é a de quem criou um monstro — mas que precisa obedecer, pois não há outra opção.

Entre os novos agentes está o personagem William Brandt (Jeremy Renner), que parece um pouco menos à vontade nas cenas cômicas. Talvez um ponto fraco para a franquia, pois seu personagem não acrescenta muita diversidade ao time. Seu personagem permanece indefinido ao longo do filme: em certos momentos, parece um agente burocrático, mais analítico; em outros, revela-se um ex-agente de campo super habilidoso. Sua história se conecta à de Hunt para esclarecer uma dúvida que todos tinham: o que aconteceu com Julia Meade, a esposa de Hunt, já que no final de Missão: Impossível 3 ele se casou?

Brandt foi o agente designado para proteger o casal, e seu fracasso levou à prisão de Hunt no início de Protocolo Fantasma e ao seu afastamento das missões de campo. Esse mistério, que o filme sustenta por um bom tempo, tenta resgatar um dos elementos mais interessantes do primeiro filme, dirigido por Brian De Palma: a desconfiança. Um bom filme de espionagem é aquele em que você nunca sabe ao certo quem são os personagens; todos podem — e idealmente deveriam — estar mentindo, inclusive o protagonista.

Esse elemento, brilhantemente trabalhado por De Palma, é um dos pontos fracos de Brad Bird. O mistério sobre o passado dos personagens não gera a tensão que deveria, pois o filme tem pressa em emendar uma cena de ação na outra e tornar tudo mais leve e divertido. E, nisso, Bird é excelente. É fácil esquecer os furos do roteiro diante do espetáculo de ver Cruise escalando o Burj Khalifa, em Dubai, ou realizando tudo no último segundo apenas para dar a sensação de que não vai conseguir, principalmente se o filme for assistido no formato IMAX.

Missão Impossível 4 - Protocolo Fantasma
A escalada do Burj Khalifa, em Dubai, se tornou uma das cenas mais memoráveis de Protocolo Fantasma e de toda a série Missão Impossível

Esquecemos até que transformar Hunt em inimigo da própria agência já havia sido feito em dois outros filmes da série — e não seria a última vez que esse recurso seria utilizado. Esquecemos, por fim, que o uso de uma bomba nuclear é um dos clichês mais batidos do cinema de espionagem. No entanto, a falta de originalidade não prejudica o espetáculo; ao contrário, ajuda. O público não precisa decifrar uma trama complexa: basta se divertir com as cenas de ação e rir com as expressões de Cruise.

E é justamente aí que reside o principal ponto fraco de Protocolo Fantasma: o protagonista. Assim como nos outros filmes, tudo gira em torno de Cruise. Ainda que os demais personagens tenham suas habilidades, a narrativa parece sempre estruturada para ressaltar o astro. Uma resposta a essa limitação pode ser vista em Os Vingadores, da Marvel, que também possui uma equipe extensa, mas consegue dar a cada personagem a devida importância. Hunt, como líder, parece mais um superagente com uma equipe de apoio, e a sensação é a do peso da mão de Cruise na produção — afinal, ele é o dono da franquia e não parece disposto a ceder protagonismo.

Apesar disso, Protocolo Fantasma é um ótimo filme — talvez o mais divertido da franquia — e cumpriu muito bem seu papel de reiniciar a série, levando-a além do formato consagrado de trilogias. Também manteve viva a promessa de Cruise de dar uma assinatura única a cada filme. E, por fim, nos deixou com a certeza de que mais filmes viriam — e que, desta vez, não demorariam muito para acontecer.

Veja mais sobre Missão Impossível.

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Sobre o Autor

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Valdiomir Meira é licenciado em História e Letras, com pós-graduação em metodologia de ensino da língua portuguesa, metodologias inovadoras de educação e semiótica. Sua grande paixão é ler, viajar e ensinar. Leitor dedicado de quadrinhos e pesquisador nas áreas de educação e mitologia. Além de outras atuações profissionais, como criação de conteúdo para internet e tutoriais, também é redator e editor de artigos para blogs.

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