O que é Sagarana? Você já ouviu falar de neologismos? E de modernismos? O que isso tudo tem a ver com O Senhor dos Anéis? E por que eu tenho que saber isso?
Tempo de leitura: 3 minutos
O QUE É SAGARANA?
João Guimarães Rosa criou a palavra “sagarana” como título para seu livro de contos regionais. Ele utilizou o radical “saga” do alemão, que significa “canto heroico” ou “lenda”, e trouxe o “rana” do tupi, que expressa semelhança. Por isso a junção desses significados pode ser entendida como “algo semelhante a uma saga”.
OS NEOLOGISMOS DE GUIMARÃES ROSA
O autor utiliza a palavra Sagarana principalmente para nomear o conjunto dos contos em seu livro, o que é intrigante quando se junta o sentido ao que está sendo contado.
Além disso, como ocorre com outros neologismos (palavras criadas pelo escritor usando as palavras e regras da língua na qual está escrevendo), esconde significados secundários que ganham sentido em algum momento da história, preparando o leitor para o que virá.
Guimarães Rosa criou vários outros neologismos em sua obra, usando diferentes técnicas linguísticas. Essas palavras tornam a leitura de seus contos desafiadora, mas para os interessados na poética do autor, é isso que torna seu texto tão fascinante.
LÍNGUAS INVENTADAS
Os neologismos de Guimarães Rosa, bem como o resgate de expressões regionais, quase criam uma nova língua dentro de sua obra.
Mas outros autores, como Tolkien, autor de “The Hobbit” e “The Lord of the Rings“, chegaram mesmo a criar novas línguas para suas histórias. Por que os autores fazem isso? Porque essa técnica enriquece o conteúdo, dando uma profundidade de significados muito maior que a mera narrativa.
Fãs de ficção científica podem lembrar-se também do Klingon, um idioma criado por Marc Okrand nos anos oitenta para o universo fictício de Star Trek.
POR QUE É IMPORTANTE LER SAGARANA?
Você pode ler Sagarana pelo mero prazer de ler um bom livro, ou porque ele estimula sua capacidade de compreender o mundo e suas linguagens. Contudo existe um motivo mais prático.
As provas de vestibular frequentemente exploram o conteúdo do livro “Sagarana”. Ele é um dos clássicos que está nas listas de leitura obrigatória de faculdades como FUVEST e UNICAMP. Isso ocorre porque Sagarana é um clássico do modernismo brasileiro.
O QUE FOI O MODERNISMO?
O Modernismo no Brasil foi um movimento cultural, literário e artístico que teve grande impacto nas primeiras décadas do século XX, especialmente nas décadas de 1920 a 1940.
O movimento foi uma reação contra as formas tradicionais de expressão cultural e uma busca por uma identidade artística e cultural genuinamente brasileira. Para melhor compreender a produção literária deste período ele costuma ser dividido em duas gerações.
Primeira geração
A primeira geração do modernismo no Brasil, surgida na década de 1920, trouxe uma ruptura significativa com as convenções literárias e artísticas da época. Isso ocorreu porque os escritores e artistas desse período buscavam uma expressão cultural autêntica e nacionalista, explorando as raízes brasileiras e desafiando as influências europeias predominantes.
Segunda geração
Já a segunda geração, que se consolidou nas décadas de 1930 e 1940, manteve o espírito de inovação, mas adotou uma abordagem mais social e política. Assim, enquanto a primeira geração enfatizava a busca por uma linguagem e uma identidade cultural brasileira, a segunda geração incorporou temas e preocupações sociais em suas obras, refletindo a evolução do movimento modernista no Brasil.
Sagarana e o modernismo
No livro Sagarana, publicado em 1946, o regionalismo é a marca principal. E esta é uma característica importante da segunda geração do modernismo. O regionalismo é expresso tanto pelos personagens quanto pelo resgate de suas histórias e pelas expressões que utilizam.
Assim, Guimarães Rosa dá voz a um Brasil que raramente é retratado em outras obras, que costumam se concentrar em cenários urbanos.
Do ponto de vista linguístico, é relevante ler Sagarana porque o autor usa uma diversidade de variações que a língua portuguesa é capaz de realizar, explorando essa flexibilidade para criar significados em sua história.
Do ponto de vista literário, é sempre um prazer fazer uma viagem para um lugar desconhecido, mesmo que este lugar pareça tão perto como o interior de Minas Gerais.
Agora que você já sabe o que é Sagarana, que tal um desafio? Você sabe por que a capa deste post é um burrinho? Se sabe, comenta aí embaixo.
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