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O que é a Anticítera?

A Anticítera se tornou popular desde o último filme de Indiana Jones, mas você sabe o que foi o verdadeiro artefato criado por Arquimedes?

O que é a Anticítera?

O Mecanismo de Anticítera é um artefato incrível da Grécia Antiga, descoberto em 1901 em um naufrágio perto da ilha de Anticítera. Ele é considerado o mais antigo exemplo conhecido de um computador analógico, usado para prever posições astronômicas e eclipses com décadas de antecedência.

Imagine isso como um antigo “GPS” celestial. Ele podia calcular com precisão a posição dos astros, como o Sol e a Lua, e até mesmo prever eventos como eclipses solares e lunares. Além disso, esse dispositivo também tinha uma função relacionada aos Jogos Olímpicos da antiguidade, acompanhando um ciclo de quatro anos.

O mecanismo foi encontrado em pedaços, e sua estrutura de engrenagens dentro de uma caixa de madeira é fascinante. Com 82 fragmentos separados, ele contém engrenagens de bronze que permitiam rastrear os movimentos celestes.

Construído por cientistas helenísticos por volta de 87 a.C., esse dispositivo surpreende pela sua complexidade. Através de estudos modernos, sabemos que ele podia prever não apenas os movimentos do Sol e da Lua, mas também modelar a órbita irregular da Lua.

Apesar de ter mais de dois mil anos, o Mecanismo de Anticítera é um testemunho do conhecimento avançado da antiguidade e continua a surpreender pesquisadores até hoje. Todos os fragmentos conhecidos estão no Museu Arqueológico Nacional, em Atenas, permitindo-nos vislumbrar como esse antigo computador analógico pode ter parecido e funcionado.

A descoberta

A história fascinante do Mecanismo de Anticítera começa com uma descoberta acidental. No início de 1900, o capitão Dimitrios Kontos e sua equipe de mergulhadores de esponja, da ilha de Symi, encontraram os destroços de um navio de carga romano ao largo da ilha grega de Anticítera.

Durante uma expedição com a Marinha Real Helênica em 1900-01, eles recuperaram vários objetos, incluindo estátuas, cerâmica, joias, moedas e, surpreendentemente, o Mecanismo de Anticítera. Essa descoberta aconteceu a uma profundidade de 45 metros, em um local chamado Point Glyphadia.

O Mecanismo, encontrado em julho de 1901, estava em condições desafiadoras. Ele era parte de um navio de carga romano que naufragou, e estava corroído por bronze e madeira. Os artefatos recuperados foram transferidos para o Museu Nacional de Arqueologia de Atenas para análise e armazenamento.

Foi somente dois anos depois, em 1902, que o arqueólogo Valerios Stais percebeu algo especial: um dos pedaços do naufrágio tinha uma roda dentada embutida. Essa descoberta intrigante desencadeou uma série de investigações que, ao longo dos anos, revelaram o incrível Mecanismo de Anticítera, um tesouro da Antiguidade com funções astronômicas e matemáticas avançadas.

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A Intrigante Engenharia do Mecanismo de Anticítera

O Mecanismo de Anticítera é uma conquista notável da Grécia Antiga, comparável em complexidade aos relógios astronômicos do século XIV. Sua engenharia extraordinária envolve uma rede intricada de pelo menos 30 engrenagens, demonstrando um nível surpreendente de miniaturização para a época.

A questão central é se o mecanismo possuía indicadores para os cinco planetas reconhecidos pelos gregos antigos. Esse enigma é parcialmente revelado pelo Fragmento D, que contém uma engrenagem interna complexa. Esta engrenagem, segundo especialistas, reproduzia um movimento epicíclico, indicando a posição específica do planeta Júpiter.

A face frontal do Mecanismo tinha uma finalidade astronômica crucial. Seu objetivo era posicionar os corpos celestes em relação à esfera celeste ao longo da eclíptica, levando em consideração a perspectiva do observador na Terra. Este detalhe técnico é relevante, independentemente de o cálculo ter sido feito sob uma visão heliocêntrica ou geocêntrica do Sistema Solar.

Outros estudos sugerem que para exibir as posições médias dos cinco planetas clássicos, seriam necessárias apenas 17 engrenagens adicionais. Estas poderiam ser estrategicamente posicionadas à frente do mecanismo principal, indicando informações precisas por meio de mostradores circulares individuais.

Os dentes das engrenagens, com forma de triângulos equiláteros, apresentam uma média de 1,6 mm de passo circular, 1,4 mm de espessura média e 1,2 mm de folga média de ar. Esses detalhes, feitos manualmente a partir de bronze, evidenciam a habilidade dos antigos gregos, com algumas variações percebidas devido à fabricação artesanal.

A tecnologia moderna, incluindo raios-X, permitiu uma compreensão precisa do número de dentes e do tamanho das engrenagens nos fragmentos. Contudo, a presença e a natureza dos indicadores planetários no Mecanismo de Anticítera permanecem como desafios fascinantes para os pesquisadores contemporâneos.

Mecanismo de Anticítera: Da História aos Filmes e Museus

O Mecanismo de Anticítera, notável na Grécia Antiga, transcendeu a esfera acadêmica, encontrando seu lugar em exposições globais. No Museu Arqueológico Nacional de Atenas, a exposição “Antikythera shipwreck” destaca esse feito incrível, acompanhada por reconstruções de especialistas renomados.

Diversos museus ao redor do mundo, como o American Computer Museum, o Children’s Museum of Manhattan e o Musée des Arts et Métiers, exibiram reconstruções do mecanismo. O entusiasta Andy Carol até criou uma versão funcional usando peças Lego, documentada em um curta-metragem fascinante.

O Mecanismo de Anticítera também foi tema de documentários, incluindo “Star Clock BC” da National Geographic e “The Two-Thousand-Year-Old Computer” da BBC Four. O Google marcou o 115º aniversário da descoberta com um Doodle especial, destacando sua relevância cultural.

Além disso, o canal do YouTube Clickspring mergulhou na criação de uma réplica, explorando técnicas e materiais da Grécia antiga.

Indiana Jones e a Anticítera

O dispositivo histórico, associado a Arquimedes, transcendeu as páginas dos livros e ganhou vida na cultura popular. Uma expressão marcante desse fenômeno é sua presença como o “MacGuffin” central em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”.

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Em seu último filme, Indiana Jones encontra por acaso a Anticítera entre os artefatos roubados pelos nazistas. Este é o primeiro artefato sem poderes mágicos de seus filmes.

No filme o roteirista e diretor James Mangold teceu uma trama envolvente que mistura a história do dispositivo real com uma versão fictícia. A narrativa se desdobra em torno da busca por esse artefato, adicionando uma camada de fenômeno pseudo científico à história.

Essa interseção entre a realidade histórica e a criatividade cinematográfica destaca o impacto duradouro do Mecanismo de Anticítera na imaginação coletiva. Desde exposições em museus renomados até a telona de Hollywood, a história desse artefato continua a cativar e inspirar, mantendo-se viva através de diferentes formas de expressão cultural.

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